Será mantendo o foco no etnodesenvolvimento, na promoção da autonomia indígena e no incentivo à geração de renda nas aldeias que, mais uma vez, a Fundação Nacional do Índio (Funai) participará de uma iniciativa inovadora: o lançamento da plataforma exclusiva de e-commerce indígena "Maeí". Essa ferramenta simboliza o desejo das populações indígenas de ter liberdade para produzir e comercializar livremente seus produtos.
Castanha do Brasil e café produzidos pelas etnias Cinta Larga e Paiter-Suruí, de Rondônia, e artesanato confeccionado pelas etnias Kaingang, de Santa Catarina, e pelas etnias Kamayurá e Yawalapiti, do Parque Indígena do Xingu (MT), serão alguns dos itens à disposição dos interessados. A produção sustentável desenvolvida pelos indígenas será gradativamente inserida na plataforma a ser lançada nesta semana em Brasília pelo Instituto Moara, com o apoio da Funai.
É uma imensa conquista poder impulsionar as atividades produtivas nas aldeias, contribuindo para que os indígenas brasileiros melhorem de vida e alcancem a independência econômica. A Funai irá atestar que os itens são produzidos por indígenas. Haverá uma certificação digital de originalidade dos produtos, e a monetização majoritariamente será revertida para os indígenas.
A plataforma contará com descrição detalhada dos produtos, informações sobre a etnia responsável, a origem da matéria-prima e a técnica empregada. Tudo isso agrega ainda mais valor aos produtos ofertados, o que representa um grande avanço para o etnodesenvolvimento brasileiro.
Destaco que o etnodesenvolvimento é o grande futuro para as terras indígenas, pois possibilita aliar autonomia, geração de renda e sustentabilidade a fim de promover a dignidade. As atividades produtivas desenvolvidas de forma responsável nessas áreas permitem aos indígenas melhorar de vida, sempre com respeito aos usos, costumes e tradições de cada etnia.
Vários são os exemplos de etnodesenvolvimento exitosos em todo o Brasil, como o plantio de grãos das etnias Paresi, Nambikwara e Manoki, e o cultivo de arroz pelos Xavante e pelos Bakairi, em Mato Grosso; a produção de café pelos Paiter-Suruí e de castanha pelos Cinta Larga, em Rondônia; a pesca esportiva no Parque do Xingu (MT); o manejo do pirarucu por indígenas Paumari, no Amazonas; a produção de camarão pelos Potiguara, na Paraíba; e o cultivo de erva-mate por comunidades Guarani e Kaingang no Sul do país.
E cabe aqui reafirmar: a busca por melhores condições de vida não significa perda de identidade étnica. O índio não deixa de ser índio por querer prosperar e melhorar de vida. Pelo contrário. Quem tem que dizer o que deseja ou não é o próprio indígena. As escolhas devem ser feitas por eles.
Reforço que a nova Funai é parceira dos indígenas nos projetos e está aqui para conscientizá-los e orientá-los corretamente na direção mais segura para realizar suas atividades. Desse modo, desejo que possamos seguir conquistando novos patamares, com otimismo e perseverança, encarando os desafios de frente.
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