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Lucy Nassar

Deus e o diabo na terra do futebol

A quantas anda o Estado democrático de Direito em sua vida?

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Lucy Nassar

Arquiteta e urbanista

Pastorear, eleitoralmente, nos campos de Deus e do Diabo é uma invasão territorial? Num país laico, é jurisdição institucional? A conversão desses entes em utilitários profana todas as religiões nessa campanha de conversão. Dizima o eleitor que sempre paga o dízimo. O devaneio definirá o jogo e o Brasil ficará a escanteio?

O "de" ou o "di" doutrinará os devotos por democracia ou ditadura em seus votos? Um marketing crucial no século 21? Na ficção do bem contra o mal, o eleitor sobe ao altar do sacrifício; é o único que fica mal!

Jogo político cruel e caríssimo a milhões de brasileiros, em que muitos pagam até com suas vidas e nos roubam oportunidades de vida, e despudorada e institucionalmente, roubam anos após anos, dos milhões aos bilhões.

O sermão de quem é mais deus ou mais demo é antidemocrático, irrompe o terreno da individualidade, tentando aprisionar o espírito do eleitor para inculcar-lhe uma política de dominação.

É uma agressão a todos: aos mais esclarecidos que, buscando planos de campanha, são oprimidos com a imposição de uma "religião" que nada mais é do que a veneração ao ego ganancioso e mentiroso do candidato; e aos menos, oprimidos por seguir uma "religião" como redenção.

A única tábua de salvação é um projeto de governo coerente com a gravidade presente, que promova uma política benigna, e não maligna, no mais inculto e imundo dos cultos pelo mundo.

A "seita" que ceva desastrosos governos no golpe da eternidade no poder, por décadas, atingirá seu apogeu ou enfraquecerá o fariseu? Antes fosse o mito de Prometeu! É o prometeu e não "cumpreu". E quem é ateu?

Democracia? Viva a democracia? Com tanta injustiça no Brasil, acentuada na eterna crise econômica e gravemente acelerada nesses quatro infortunados anos, tardiamente é lembrada?

Bradar Estado de Direito às dezenas de milhões que desconhecem o seu significado? Nem o que é Supremo Tribunal Federal? É a suprema ignorância federal? Um milhão de assinaturas de uma elite em mais de 212 milhões?!

Após quatro meses de mandato, a justa democracia brasileira foi ameaçada, e só após quatro anos de um criminoso mandato, ao ameaçá-la aos quatros cantos do planeta, o Estado de Direito se levantou? Sempre? Desde quando? A quantas anda o Estado democrático de Direito em sua vida?

Que Estado de Direito é esse que não conseguiu destituir o traidor-mor da nação? No reino da democrática insegurança jurídica, a Justiça é egoísta, faltosa, vaidosa e fantasiosa: somos superiores como devem ser nossos salários, e assim caminham todas as corporações e seus imensos sensos de responsabilidade e corações.

No futebol com tantos partidos e políticos, o lulista ou o bolsonarista, a sua bolada cobrará, e pouco ou nada do Brasil aos brasileiros sobrará. Nesse jogo jogado, o "kratos", o poder, não está do nosso lado, em "demos", do povo, e esse perpetuará a fome de poder ou o risco de voltar a "direita, volver"?

A escolha política é razão e emoção. Fora esses dois que já embolsaram a saturação de suas representações, temos quem nos represente na Presidência, quem é experiente, perseverante e merece uma chance —e essa deve ser a nossa reflexão, não uma inflexão à pesquisa de opinião, pois, nessa torcida, a disputa ficará distorcida.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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