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Marcelo Queiroga

Maior política de inclusão social do mundo é patrimônio do Brasil

Defender o SUS, que completa 32 anos, é defender o nosso futuro como sociedade livre e justa

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Marcelo Queiroga

Médico cardiologista, é ministro da Saúde


A maior política pública de acesso à saúde, um marco na história democrática do Brasil, completa 32 anos nesta segunda-feira (19). O Sistema Único de Saúde (SUS) não é apenas um instrumento de acesso à saúde gratuito, mas sim uma das mais grandiosas políticas de inclusão social do mundo, patrimônio de todos os brasileiros. Garantir acesso universal à saúde é assegurar dignidade, cidadania, assistência, cuidado e direito à vida.

Esses direitos básicos e inegociáveis são inerentes ao papel do SUS. Regulamentado dois anos depois da criação da Constituição Federal, que tornou fundamental o direito universal e igualitário à saúde gratuita para todos, o sistema público brasileiro vem crescendo, se aperfeiçoando, expandindo e, cada vez mais, fortalecendo seu elo de confiança com os brasileiros.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante entrevista à Folha em seu gabinete - Pedro Ladeira - 1.jun.22/Folhapress

Durante o maior desafio da história da saúde pública mundial, nos últimos dois anos, aprendemos que sempre valerá a pena o investimento no SUS, a estruturação e a valorização dos profissionais de saúde. A pandemia da Covid-19 nos deixa vários legados, do fortalecimento da vigilância epidemiológica à transferência de tecnologia para produção nacional de vacinas. Mas, talvez, o principal deles seja a relevância que o SUS ganhou na vida de todos os brasileiros, motivo de orgulho mesmo para quem não usa os serviços públicos.

Das 48 mil Unidades Básicas de Saúde em todo país aos Consultórios de Rua. Dos mais de 264 mil agentes comunitários, olhos e ouvidos do SUS nas casas dos brasileiros, aos enfermeiros e médicos da linha de frente. Das equipes do Samu às equipes de saúde da família. Das cirurgias de todas as especialidades ao maior sistema público de transplantes do mundo. Das unidades de saúde ribeirinhas aos hospitais de referência internacional. Das capitais aos municípios nas áreas mais remotas. Das 40 mil salas de vacinação aos profissionais que levam os imunizantes de barco para a população indígena nas aldeias. O SUS é alicerce para garantir que todas essas ações sejam possíveis, mesmo diante dos desafios de um país continental.

Aprendemos com o passado e vivenciamos a força do SUS e devemos sempre garantir que os preceitos básicos e sagrados da Constituição sejam cumpridos sem descanso. Assegurar que todo brasileiro tenha o tratamento adequado e em tempo oportuno. Reduzir mortalidade por doenças que podem ser prevenidas ou que são negligenciadas. Evitar a mortalidade por doenças cardiovasculares e diagnosticar precocemente o câncer. Ampliar as estratégias de vacinação. Oferecer condições de trabalho de qualidade para os médicos que atuam nas áreas mais distantes. Focar nas estratégias de prevenção para evitar o agravamento de doenças. Investir no financiamento que garanta e incentive a qualidade dos serviços públicos de saúde para que a quantidade de procedimentos feitos não seja o único balizador para o repasse de recursos.

O futuro também exige inovação, eficiência e efetividade, investimento em pesquisas e na ciência. Expandir a saúde digital possibilita o acesso mais fácil e rápido aos médicos especialistas, que podem consultar, acompanhar e cuidar de seus pacientes mesmo a distância, com a mesma qualidade e olhar dos atendimentos presenciais. A tecnologia transcende fronteiras e permite a aplicação de técnicas pioneiras via telemedicina, além de diagnósticos mais rápidos e precisos.

Desenvolver a capacidade industrial do Brasil para expandir a produção nacional de medicamentos, tecnologias e equipamentos é ampliar a oferta desses insumos para o Sistema Único de Saúde, possibilitando concorrência no setor, o menor preço e, consequentemente, a eficiência no uso do recurso público. Eficiência e efetividade são essenciais para que o SUS suporte os custos da inovação e para que todos tenham acesso. A medicina de ponta, tecnológica, moderna e de precisão não pode ser privilégio de poucos.

Defender o Sistema Único de Saúde é defender o nosso passado, presente e principalmente o nosso futuro como sociedade livre e justa. Defender o SUS é defender o Brasil. Onde há Brasil há SUS!

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