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Trabalho a preservar

Após melhora em 2022, retrocesso no emprego pode ter custo alto para Lula

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Trabalhadores em uma linha de montagem de motocicletas, em Manaus (AM) - Lalo de Almeida/Folhapress

São dignos de celebração os números que mostram a expressiva queda do desemprego no país ao longo do ano passado, divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (28).

Encerrou-se 2022 com taxa de desocupação de 7,9% no quarto trimestre, ante 11,1% medidos 12 meses antes e 14,2% ao final de 2020, quando se vivia o pior do impacto da pandemia. Trata-se da melhora mais longa e aguda desde o fim da recessão de 2014-16.

Isso não quer dizer, claro, que se viva um momento brilhante de pujança econômica e ascensão social. Há senões, a começar pelo rendimento médio do trabalho de R$ 2.808 mensais —que, embora tenha aumentado recentemente, ainda é o menor em cinco anos.

As médias, ademais, escondem desigualdades de todos os tipos. O desemprego entre as mulheres nordestinas ainda atinge alarmantes 13,2%, enquanto entre os homens do Sul não passa de 3,6%. Não parece absurdo, aliás, correlacionar tais percentuais aos perfis dos eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Nada menos que 16,4% dos jovens de 18 a 24 anos em busca de ocupação não a conseguem. Entre os que se declaram pretos, a taxa de desocupação é de 9,9%, ante 9,2% dos pardos e 6,2% dos brancos.

Pode-se constatar, de qualquer modo, que o mercado de trabalho se tornou mais favorável em todos os recortes, graças a um crescimento surpreendente da economia, em torno dos 3% no ano passado.

Já os impactos da reforma trabalhista de 2017 ainda são difíceis de mensurar —mas ao menos se esvaziaram teses desonestas que associavam a flexibilização da CLT a números ruins, em períodos anteriores, provocados por estagnação econômica ou pela crise sanitária.

A informalidade, principal alvo da reforma, caiu de 40,7% para 38,8% da população ocupada, percentuais que somam assalariados sem carteira assinada, trabalhadores familiares, autônomos e empregadores sem CNPJ.

Trata-se ainda de uma exorbitância, o que antes confirma o acerto do objetivo de permitir contratos de trabalho mais realistas e adaptáveis a diferentes atividades. É evidente, porém, que não haverá avanço expressivo sem expansão continuada do Produto Interno Bruto.

O governo Lula não deveria abordar o tema apenas com o viés do sindicalismo —o das corporações organizadas. Retrocessos no emprego podem ter custo político particularmente alto para o petista.

editoriais@grupofolha.com

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