Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

Dólar na balança

Produtos primários geram recordes em exportações, mas diversificação é desejável

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Terminal de contêineres no porto de Santos (SP) - Eduardo Anizelli/Folhapress

Os resultados do Brasil no comércio exterior têm sido e devem ser, até o final deste ano, excelentes para nossos padrões. As exportações brasileiras chegaram a US$ 334 bilhões nos últimos 12 meses, o equivalente às vendas de 2022.

Trata-se de desempenho quase 48% superior ao de 2019, antes das perturbações causadas pela pandemia e pela guerra na Ucrânia.

Como proporção do PIB, o valor está próximo dos 17% registrados em 2022 e 2021, os maiores em pelo menos um quarto de século.

Apesar das quedas de preços de produtos, até agosto o valor total das exportações aumentou ainda 0,7% em relação ao mesmo período de 2022; o das importações caiu mais de 10%. Assim, o saldo da balança comercial está próximo de inéditos US$ 80 bilhões, em termos anuais. Em 2022, havia sido de US$ 61,5 bilhões.

É possível que parte da queda do valor importado esteja associada ao fraco desempenho recente do investimento produtivo e do consumo de bens duráveis. É um aspecto negativo do superávit.

Os bons resultados se devem ao sucesso de setores da agricultura e de energia. Soja e farelo de soja foram 18,8% do total exportado (até agosto); petróleo bruto e óleos combustíveis, 14,8%. Há uma década, a participação da soja era de 12,9%, e a parcela do petróleo era de 6,4%, pouco maior do que a de carnes (bovinos, aves e suínos). Agora, mais do que dobrou, ultrapassando a do minério de ferro.

A corrente de comércio, soma de exportações e importações, ronda os 30% do PIB. Embora tal indicador deva ser tomado com precaução, por ser influenciado também por variações cambiais abruptas, parece seguro dizer que o comércio exterior tem mais relevância na economia, por variados canais.

O peso maior das transações comerciais implica algum risco. A queda do preço ou do consumo mundial de produtos nacionais pode causar variações negativas no ritmo da atividade.

A China é o maior destino das vendas brasileiras, com 30,2% do valor até agosto; os Estados Unidos vêm em segundo, com 10,5%, e a Argentina fica com 5,6%. Em 2001, quando os chineses entravam na OMC, o país comprava somente 4,9% das exportações do Brasil.

Uma análise elementar sugere que seria conveniente diversificar as exportações. Para isso, é preciso reforma para uniformizar tributos, abertura comercial para incrementar o capital e os insumos da indústria de transformação e investimento em pesquisa e tecnologia.

O sucesso da exportação de commodities não prejudica o avanço nas manufaturas. Mais do que isso, as vendas de produtos primários têm favorecido avanços do PIB e tranquilidade nas contas externas.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.