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Vitalino Canas

Fórum de Lisboa: farol de paz num mundo em turbulência

Brasil e Portugal estão entre os raros países que a oferecem como solução

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Vitalino Canas

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, é presidente do Fórum de Integração Brasil Europa

Continuam a guerra na Ucrânia e em Gaza, ambas estupidamente mortíferas, ambas estupidamente teimosas. Não são as únicas. Há guerras silenciosas, igualmente mortíferas, como no Sudão do Sul ou na Somália.

Por este mundo afora, forças de ultradireita progridem em democracias consolidadas, como mostram eleições realizadas nos últimos meses: na Holanda ou na Argentina; na França ou no Reino Unido; na União Europeia ou na África do Sul; em Portugal ou na Bélgica. Talvez nos EUA, daqui a meses.

Quem participou do 12º Fórum de Lisboa, realizado em junho, não veio falar de guerra. Decerto que o tema dos desafios geoestratégicos da atualidade não esteve ausente: foi discutido num dos painéis. Mas, nos restantes painéis (98%!), discutiram-se assuntos que interessam sobretudo à paz. Brasil e Portugal estão entre os cada vez mais raros países que oferecem —e praticam— a paz como solução. António Guterres, secretário-geral da ONU e, agora, António Costa, presidente do Conselho Europeu, têm discurso de apaziguamento, não de guerra.

Foto: Reprodução/@IDP no Youtube
O ministro do STF Gilmar Mendes discursa durante o 12º Fórum Jurídico de Lisboa - @IDP no Youtube/Reprodução

Discutiu-se transição energética, alimentação do mundo, saúde, o papel da inteligência artificial, urbanismo e segurança pública. Debateu-se o futuro das democracias e a necessidade de melhor governança e de melhor economia. Focou-se o papel do jornalismo e o financiamento do desenvolvimento. E muito mais.

No fórum, pode suceder que no mesmo painel participem senadores, ministros do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal, professores universitários, diretores de grandes empresas, advogados defensores dos direitos dos povos indígenas, ministros de Estado portugueses.

Qualquer que seja o tema, estão em plano de igualdade; esforçam-se por apresentar ideias e propostas que valem pelo mérito, não pelo autor. Fazem-no com absoluta liberdade, sem o constrangimento de tentar ganhar uma votação que se realiza de seguida. Quem ajuíza do mérito das ideias é a audiência, composta por cada um dos milhares de inscritos e pelos mídia.

Nessa audiência, estão jornalistas, professores universitários e pesquisadores, investidores, economistas, consultores, ministros do STF e desembargadores, políticos portugueses e brasileiros, advogados, ex-presidentes da República, ambientalistas, profissionais de saúde e um mundo de "opinion makers".

Estão, possivelmente, alguns dos 900 alunos brasileiros de graduação, mestrado e doutorado, que, com absoluta integração, estudam na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. O melhor que Brasil, Portugal e outros países (o fórum internacionalizou-se) têm para mostrar. Porventura, nenhum deles teria oportunidade de encontrar, num único evento, concentrado em três dias, esta simbiose de saber, autoridades e sociedade civil, capaz de mostrar o que o Brasil é e vai ser.

Há algo inequívoco: o fórum alcançou um patamar de representação e de projeção do Brasil na Europa que talvez não tenha paralelo. Algumas vozes, isoladas, têm dito que o fórum é lugar de lobby. Confirmo: o lobby a favor de políticas e soluções racionais, baseadas no debate alargado e no conhecimento.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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