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Era Putin, 25

Rússia do século 21 é inseparável do autocrata, que incita embate geopolítico

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Vladimir Putin, presidente da Rússia - Gavriil Grigorov/AFP

Vladimir Putin, 71, completa nesta sexta-feira (9) um quarto de século à frente da Rússia. O país mais vasto do mundo tem uma história antes e outra depois da ascensão desse ex-espião definido como medíocre por seus superiores na KGB.

Surgiu como mais um premiê do moribundo governo de Boris Ielstin —que, de herói do fim do comunismo, passou a líder bêbado de uma cleptocracia em crise. Logo assumiria o Kremlin, com a renúncia do chefe e a unção das urnas.

Até seu segundo mandato, iniciado em 2004 com a primeira de quatro reeleições, era visto como boa notícia para o Ocidente.

O sistema de corrupção da era Ieltsin fora desmontado, ainda que em seu lugar a tecnocracia apresentada por Putin embutisse uma nova classe dominante acusada de parasitar vastos recursos.

O presidente é pouco afeito à democracia liberal. Estudante obcecado pela história russa, buscou na tradição autoritária do país a justificativa para sua transformação em autocrata admirado por Donald Trump, Viktor Orbán, Jair Bolsonaro (PL) e quetais.

Solapou a oposição e o dissenso, enquanto diversos adversários morreram de forma suspeita.
Com o boom das commodities dos anos 2000, conseguiu elevar o padrão de vida russo e modernizar as Forças Armadas. Uma classe média urbana ascendeu e a elite bilionária ganhou fama extravagante.

Em 2007, um discurso delineou tudo o que se vê hoje nos campos da Ucrânia: a disposição de Putin de enfrentar o Ocidente em nome de uma multipolaridade que, na verdade, repete a lógica de blocos da Guerra Fria de forma ampliada, com Moscou aliada a Pequim.

Superpotência nuclear, a Rússia passou uma década em desespero após o fim da URSS e viu a Otan expandir-se até suas fronteiras. A assertividade de Putin o torna uma ameaça, não menos pela carta da Terceira Guerra Mundial na manga.

Com o atual conflito na Europa, ele arrisca seu destino e o da Rússia. O cenário lhe é mais favorável do que já foi. O que fará com isso é incógnito, e há dúvidas sobre a solvência de seu país. Mas o fato é que, no século 21, a história russa é indistinguível da figura de Putin.

editoriais@grupofolha.com.br

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