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O que a Folha pensa União Europeia

O lago da Otan

Entrada da Suécia consolida renovação da aliança gerada pela invasão da Ucrânia

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Ulf Kristersson, primeiro-ministro da Suécia, e Viktor Orbán, presidente da Hungria - Attila Volgyi - 24.fev.24/Xinhua

Em 2014, apenas 3 dos então 28 membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte cumpriam a meta estabelecida pela aliança militar liderada pelos Estados Unidos de gastar ao menos 2% do seu PIB com o setor de defesa.

O grupo fundado em 1949 para conter a União Soviética na Europa vivia uma crise existencial, evidenciada depois pelos ataques que sofreu durante a Presidência de Donald Trump —levando o líder francês Emmanuel Macron a decretá-la sob "morte cerebral" em 2020.

As intervenções a pedido dos EUA no Afeganistão e na Líbia se provaram desastrosas, mas Vladimir Putin, ao invadir a Ucrânia, forneceu há dois anos o roteiro para a renovação da missão da Otan.

A contínua expansão da organização militar a leste do continente europeu após a Guerra Fria foi usada por Moscou como justificativa para a tensão recente.

Coroa o processo a adesão de dois países nórdicos, Finlândia e Suécia, ao grupo. Helsinque foi admitida já no ano passado, e só nesta semana a russófila Hungria aprovou a entrada de Estocolmo, selando a unanimidade necessária entre membros para o ingresso.

Quando celebrar seus 75 anos, na cúpula de julho, a Otan será outra em relação àquela de dez anos atrás. Cumprirão a meta de gasto 18 dos seus agora 32 membros.

Trump, candidato a voltar à Casa Branca, provocou o clube ao dizer que não protegeria membros "inadimplentes". Grosseria perigosa, mas à qual diversos líderes europeus passaram recibo.

Se a Finlândia adicionou um Exército respeitável e dobrou as fronteiras da aliança com a Rússia, testemunho de uma derrota estratégica para Putin, a Suécia entra com alta tecnologia militar e o fim de 200 anos de neutralidade.

Pela primeira vez o mar Báltico está todo margeado por aliados contrários aos russos, tornando-se o proverbial lago da Otan a cercear os movimentos do Kremlin.

A escalada militar é inevitável em termos geopolíticos, mas, a depender do ponto de vista, eleva o risco e um confronto. Putin falou disso nesta quinta (29), ao afirmar que um embate com a Otan resultaria nuclear, portanto apocalíptico.

editoriais@grupofolha.com.br

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