IA, no meio de campo, traz eficiência sem te substituir na partida

Como coadjuvante, IA permite alto rendimento em diferentes modalidades

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Dani Braga
Dani Braga

Editora de Inteligência Artificial

Em clima pré-paralímpico, imagine um cenário em que atletas têm técnicos virtuais que analisam dados biométricos e criam planos de treinamento personalizados.

O mesmo treinador armazena conversas sobre o estado mental do esportista e emite conselhos em tom afetuoso. Os espectadores desses esportes contam com um apresentador capaz de transmitir notícias 24 horas por dia, em diferentes idiomas, adaptando-se às preferências de cada um.

Parece promissor, interessante e factível com inteligência artificial. No dia a dia, porém, quando a tecnologia assume posição supostamente discreta é mais celebrada pelo público em geral.

A imagem mostra quatro robôs posicionados em frente a um gol de futebol. Os robôs estão alinhados, com três usando camisetas amarelas e um azul. A bola de futebol está próxima ao gol, e, ao fundo, há uma rede e espectadores visíveis
Robôs competem em jogo de futebol no Congresso Mundial de Inteligência (WIC) em Tianjin, no norte da China, em 2023 - Zhang Cheng/Xinhua

Um avatar poliglota que resume as notícias esportivas do dia nas redes sociais frequentemente gera milhares de comentários de desaprovação, irritação e até xingamentos. Entretanto, quando um repórter usa tecnologia para aproximar uma campeã olímpica de seus familiares no Brasil, em tempo real, o resultado é contabilizado em lágrimas emocionadas.

Próteses e órteses que entendem comandos e estímulos musculares por meio de IA não dispensam o paratleta de treinos físicos, assim como óculos inteligentes não tiram da pista os atletas-guia.

Diante da onda gigante de informações e das entregas cada vez mais impressionantes dos modelos generativos, surgem dois impulsos. Um deles é o de surfar a todo custo e investir tempo e energia para que uma IA assuma todos os processos —inclusive aquilo que você faz de melhor; o outro, é incorporar Brett Hawke, técnico da natação da Austrália nas Olimpíadas de Paris, que, indignado com a performance recordista do chinês Pan Zhanle, rechaçou o que considerava "humanamente impossível".

É tudo ou nada.

Um atleta de cabelo preto está segurando uma medalha de ouro com uma fita azul ao redor do pescoço. O fundo é desfocado em tons de azul
O medalhista de ouro Pan Zhanle, da China, celebra após vencer com folga e bater o recorde mundial dos 100 m nado livre nas Olimpíadas de Paris - Ueslei Marcelino/Reuters

A fala de Hawke obviamente não se referia a softwares e hardwares, mas encontra eco em outros mercados. A Procreate, por exemplo, desenvolvedora de um dos principais aplicativos de design para iPad, recusa-se a lançar funcionalidades com IA generativa. Em um manifesto no site, afirma que "criatividade é feita, não gerada" ("Creativity is made, not generated").

A esta altura do cronômetro, porém, já deu para notar que o uso de IA permite ir mais longe, mais rapidamente. Negar o que parece sobre-humano também significa perder em diversas modalidades.

Encarar a IA como um eficiente meio-campista, não como o atacante principal, pode ser uma estratégia perspicaz hoje em dia. É mais fácil marcar gols quando agilidade, passes otimizados e menos falhas humanas estão assegurados. Um assistente bem posicionado pode até errar às vezes, mas pode decidir a partida.

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis.

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