Eu mesmo vou morrer do coração se o Lula for preso, diz Okamotto

Crédito: Eduardo Anizelli - 26.out.2017/Folhapress O ex-presidente Lula, que será julgado no próximo dia 24
O ex-presidente Lula, que será julgado no próximo dia 24

CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse nesta terça-feira (16) que considera infeliz a declaração da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), segundo quem para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "vai ter que matar gente". Okamotto minimiza, afirmando que essa foi uma "força de expressão".

"Foi uma afirmação pessoal, uma força de expressão. Haverá uma comoção social. Vamos ficar chateados. Eu mesmo, se o Lula for preso, vou morrer do coração", comentou.

O presidente do Instituto Lula disse ainda que não há qualquer orientação partidária de endurecimento às vésperas do julgamento de Lula pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4 região), no dia 24, em Porto Alegre.

Em entrevista ao portal "Poder360", Gleisi também afirmou que o partido "vai pegar pesado" se o TRF-4 mantiver a decisão do juiz Sergio Moro, que condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão. Segundo Okamotto, o julgamento tem peso político pelo interesse que desperta.

"Não haverá uma revolução, infelizmente", afirmou Okamotto.

E acrescentou: "Vamos insistir na via institucional, o que não significa entrar com uma ação [na Justiça] e ir para casa de braços cruzados".

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), também tentou minimizar o impacto das declarações de Gleisi: "Foi uma força de expressão. Não tem sentido literal. Não tem relevância", afirmou.

Para o ex-líder do PT na Câmara Carlos Zarattini, Gleisi sofreu de uma "ansiedade cibernética", que na sua opinião é uma tentativa de se mostrar proativa nas redes sociais.

A própria senadora usou as redes sociais para tentar se explicar. "Na minha fala ao site Poder 360, usei uma força de expressão p/ dizer o quanto Lula é amado pelo povo brasileiro. É o maior líder popular do país e está sendo vítima de injustiças e violência q atingem quem o admira. Como ñ se revoltar c/ condenação s/ provas?", publicou.

As declarações de Gleisi ocorreram cinco dias depois de o tesoureiro nacional do PT e ex-prefeito de Osasco, Emídio de Souza, reconhecer, em reunião com militantes, incertezas sobre o destino e estimular os petistas a demonstrar força para constranger a Justiça.

"Quanto mais força tiver o nosso movimento mais comedida a Justiça vai ser. Não sei se ela vai se amedrontar. Se ela vai...Nós temos que demonstrar nossa força. Fazer nossa parte e depois a gente vê o que acontece", afirmou.

Na reunião, ocorrida a portas fechadas, na última quinta-feira (11), Emídio chamou de improvável a hipótese de a Justiça decretar a prisão de Lula já no dia 24, "a não ser que seja estado de perseguição completo". Ele desencorajou petistas a irem a Porto Alegre, recomendando que permaneçam em São Paulo para acompanhar o ex-presidente em um ato programado para a noite do dia 24 na avenida Paulista. "Temos que estar junto dele para mostrar que temos força".

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