Eleitor buscará DNA novo, diz empresário

Criador do RenovaBR diz que candidatos de fora da política podem fazer renovação

Marcos Augusto Gonçalves
São Paulo
Eduardo Mufarej, de camisa azul, aponta com o dedo em direção à câmera
Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR - Marlene Bergamo - 28.nov.2018 /Folhapress

Idealizador do grupo RenovaBR, o empresário Eduardo Mufarej considera que a presença nas eleições deste ano de candidatos desvinculados do "establishment" político será fundamental para difundir o "espírito de renovação".

Isso valeria para o apresentador de TV Luciano Huck ou para Bernardinho, ex-técnico da seleção de vôlei e pré-candidato ao governo do Rio pelo Partido Novo. "Tem um anseio da sociedade. Se a gente quer um país diferente, a gente tem que votar diferente", diz o empresário.

Sócio do fundo de investimento Tarpon, Mufarej diz que o RenovaBR não quer ser partido, e sim uma escola de política. Para isso já constituiu um fundo e selecionou a primeira turma de alunos, apresentada na sexta-feira (2).

Folha - Como você vê a possibilidade de Luciano Huck concorrer nas eleições presidenciais deste ano?

Eduardo Mufarej - Eu acho que qualquer indivíduo que não venha do "establishment" político, que tenha reconhecimento por parte da população, um certo grau de maturidade e também um certo grau de conhecimento ajuda a trazer o espírito de renovação.

Tem um anseio da sociedade. Tem uma consciência de que, se a gente quer um país diferente, a gente tem que votar diferente, e isso tende a favorecer candidaturas que virão com esse DNA de renovação.

Há quem valorize mais a renovação via Congresso do que via eleições majoritárias. Qual sua opinião?

Acho que as majoritárias ajudam a puxar a renovação. Se você tem, por exemplo, o Bernardinho concorrendo para governador no Rio de Janeiro, que é um lugar onde a política está numa situação superdeteriorada, isso ajuda no Legislativo.

Alguns movimentos, como a Frente Favela Brasil, querem virar partido. O Renova vai evoluir para ser uma escola?

O Renova vai ser uma escola. A gente fez essa escolha de não ser um grupo ideológico, tanto que a gente tem uma pluralidade gigantesca aqui dentro. A gente vê que o Brasil precisa de qualificação e que tem gente boa disposta a entrar na política. O grande propósito do Renova é tentar criar um ponto de inflexão nesse processo. E estamos começando a enxergar esse ponto de inflexão, no qual as pessoas da sociedade civil começam a ter mais disposição e vontade de participar e se envolver na construção de novas lideranças e novas narrativas.

O que vocês pretendem oferecer como instituto de formação para a política?

A oferta do Renova está ancorada em três pilares: o primeiro e o mais importante é formação. O Brasil hoje não tem um local de formação de lideranças políticas para o Executivo e para o Legislativo. O segundo pilar é oferecer a possibilidade de fazer parte de uma rede. E o terceiro é dar condições para a dedicação, com bolsas de subsistência para quem precise se manter.

Você diz que o Renova não é um grupo ideológico, mas certamente vocês têm referências ideológicas. Os bolsistas não vão representar uma linha política?

A voz que a gente pode trazer é uma voz de ética na política, de ampliação de participação, de verdade" O nosso processo foi feito em cima da escolha de pessoas, e a gente acha que essas pessoas, quando eleitas, não precisarão ser tuteladas.

A gente está acreditando na capacidade delas de executarem os seus mandatos da melhor forma possível. É isso que a gente tem, de fato, condição mínima de cobrar. Essas são as nossas pautas. Eu não vejo a gente indo à TV para defender, por exemplo, uma reforma...

Como é a relação do Renova com partidos? Vocês interferem na escolha dos bolsistas?

A gente não interfere. Fomos procurados por vários partidos. É do interesse deles ter novos quadros. Alguns foram bastante dinâmicos e voluntariosos, demonstrando muito interesse e dar espaço para nossos bolsistas. O PPS e o Novo nos procuraram e a própria Rede tem muitos quadros dentro do Renova. O partido que quiser pode nos procurar e conversar livremente com os bolsistas.

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