Temer demite ministra dos Direitos Humanos

Gustavo Rocha, subsecretário de assuntos jurídicos da Casa Civil, assume interinamente

Gustavo Uribe
Brasília

O presidente Michel Temer aproveitou reestruturação na Esplanada dos Ministérios para demitir nesta segunda-feira (19) a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois.

O emedebista informou a ministra sobre a sua decisão em encontro no Palácio do Planalto e nomeou para o seu lugar, em caráter interino, o subsecretário de assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha.

O presidente Michel Temer assina o termo de posse da ministra Luislinda Valois, ao seu lado, em cerimônia em fevereiro de 2017, no Planalto
O presidente Michel Temer e a ministra Luislinda Valois na sua cerimônia de posse, em fevereiro de 2017, no Planalto - Alan Marques - 3.fev.2017 / Folhapress

O presidente avalia, com a criação do Ministério da Segurança Pública, rebaixar Direitos Humanos e transformá-lo novamente em uma secretaria nacional subordinada ao Ministério da Justiça.

Ele, contudo, ainda pondera os impactos da iniciativa junto a entidades da área e tem sido aconselhado por assessores e auxiliares presidenciais a mantê-la.

Com a saída de Luislinda, não há mais negros no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios e restou apenas uma mulher: a ministra-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Grace Mendonça.

O presidente esperava desde o ano passado que Luislinda pedisse demissão após ela ter se envolvido em uma série de polêmicas no cargo, mas ela seguiu no posto.

Ele temia que uma exoneração dela pelo Palácio do Planalto provocasse reação negativa por parte de movimentos sociais.

A aposta é de que uma demissão feita no rastro de uma reestruturação da Esplanada dos Ministérios diminua a polêmica sobre uma alteração em uma pasta considerada sensível.

A escolha do emedebista por Gustavo Rocha teve como objetivo prestigiar um dos principais conselheiros jurídicos dele e melhorar a interlocução do governo com o Poder Judiciário.

O ex-advogado do PMDB tem boa interlocução junto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e ao STF (Supremo Tribunal Federal) e já assumiu três vezes causas da família do presidente.

POLÊMICAS

No cargo, Luislinda causou mais de uma vez desconforto ao presidente. No ano passado, por exemplo, ela solicitou ao governo o pagamento pelos cofres públicos de pelo menos R$ 300 mil.

O valor retroativo seria a soma da quantia que foi abatida pelo teto constitucional do acumulado do vencimento integral recebido por ela com a aposentadoria de desembargadora pela Bahia.

Segundo a íntegra do pedido, obtida pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação, ela alegava que o trabalho executado sem a correspondente contrapartida "se assemelha a trabalho escravo".

Como não teve resposta, ela chegou a pedir que o processo fosse encaminhado à procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

No início do ano passado, a Folha revelou também que a ministra afirmava ter sido condecorada com o título de "embaixadora da paz da ONU em 2012".

As próprias Nações Unidas, contudo, dizem que o posto não existe. O prêmio, na verdade, foi dado por uma ONG fundada pelo líder religioso coreano Sun Myung Moon.

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do informado em versão anterior deste texto, a ministra Luislinda Valois foi demitida pelo presidente Michel Temer, e não pediu demissão

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