Após 'noite dramática', Maluf chega em casa em SP para prisão domiciliar

Segundo advogado, ele teve agravamento do estado de saúde

Maluf, de roupa azul e em cadeira de rodas, deixa hospital no DF e segue para aeroporto
Em imagem da TV Globo, Maluf deixa hospital no DF e segue para aeroporto - Reprodução/Folhapress
 
Anna Virginia Balloussier Angela Boldrini
Brasília e São Paulo

O deputado federal afastado Paulo Maluf (PP-SP) chegou nesta sexta-feira (30), a bordo de um Chrysler preto, em sua casa na região dos Jardins, na zona oeste de São Paulo, para começar a cumprir prisão domiciliar. 

Ele passou “uma noite dramática”, com agravamento de seu quadro de saúde, segundo seu advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

Maluf, 86, estava internado num hospital em Brasília desde quarta (28), com fortes dores na lombar, após três meses detido no Complexo Penitenciário da Papuda. Na tarde desta Sexta-Feira Santa, voou num jatinho com equipe médica para São Paulo. 

De acordo com Kakay, Maluf não pôde embarcar numa UTI móvel, que o levaria direto para o hospital, pois não tem autorização judicial para tanto.

Na noite anterior, o parlamentar passou por uma “lavagem estomacal horrível”, afirmou o advogado. Ele também precisa tomar injeção no olho, pois está ficando cego ( perdeu a visão de um deles), acrescentou. Com cabelos brancos (ele não podia tingi-los na cadeia), Maluf está usando cadeira de rodas.

O defensor disse que voará de Paris, onde está, para a capital paulista na segunda-feira (2), para se encontrar com seu cliente. A ideia, contou por telefone, é fazer um requerimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, que concedeu a prisão domiciliar a Maluf, para saber quem será o juiz de execução penal. Assim poderá solicitar pedidos de exames para avaliar seu estado de saúde. 

 

Em nota, os advogados de Maluf afirmaram: "Ele ainda está debilitado. O ideal seria que ele fosse diretamente ao hospital para exames. Isto será requisitado ao STF e ao juiz responsável pela execução penal".

Em março, Maluf recebeu a colunista da Folha Monica Bergamo na Papuda. Lá reclamou do regime fechado e contou sobre sua rotina de presidiário. “Eu tive câncer de próstata. Eu sou cardíaco. Tomo 15 remédios por dia”, disse ele, que na cela tinha como livro de cabeceira “A Cabana”, de William P. Young, um presente das netas.

Também rejeitava a quentinha da cadeia e só comia na cantina (pizza, esfirra, pamonha). “E tomo Coca-Cola e Fanta o dia inteiro.”

O deputado receberá médicos em sua casa, numa região que concentra parte da elite paulistana (o presidenciável Flavio Rocha mora a dois quarteirões, e Wesley Batista, da JBS, também é vizinho). Uma cesta de frutas foi entregue na residência, onde parentes já o esperavam.

Em maio de 2017, Maluf foi condenado pela primeira turma do STF a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro. Também foi condenado à perda do mandato ---estava direto na Câmara desde 2007 e teve outras duas incursões como deputado, além de ter sido prefeito de São Paulo e governador do estado.

De acordo com a denúncia, enquanto era prefeito de São Paulo (1993 a 1996), Maluf ocultou e dissimulou dinheiro desviado da construção da avenida Água Espraiada (atualmente chamada de avenida Roberto Marinho).

Um homem gritou “ladrão sem vergonha” enquanto passava de bicicleta na frente de sua mansão, um dos bens de Maluf bloqueados pela Justiça. 

“Deixa o homem em paz, seus merdas”, disse outro homem, de moto, dirigindo-se a jornalistas e fotógrafos que aguardavam a chegada do parlamentar. Quase bateu o veículo.

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