Críticas de Lula são ofensa irresponsável e delírio, diz associação de procuradores

Para a entidade, petista tentou se vender como um perseguido, 'o que nunca foi'

Brasília

​A ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) divulgou neste sábado (7) nota em que defende o procurador Deltan Dallagnol e afirma serem fantasiosas e irresponsáveis as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem investigadores, procuradores e juízes da Lava Jato mentiram no processo que resultou na sua condenação a 12 anos e um mês de prisão. 

 
Segundo a nota, assinada por José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR, Lula buscou em seu discurso antes de se entregar à PF inverter os papéis e "vender-se como um perseguido, o que nunca foi".
 
"Em uma clara estratégia que busca inverter os papéis, Lula, no momento em que é chamado a responder e cumprir pena por crimes graves pelos quais foi condenado após ampla defesa e devido processo legal, ataca uma vez mais o Ministério Público Federal, a Justiça Federal e seus agentes, tentando vender-se como um perseguido, o que nunca foi."
O presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), José Robalinho Cavalcanti - Jefferson Rudy/Agência Senado
A nota afirma que "a Justiça, em todas as instâncias que se pronunciaram até o presente momento, deu integral razão aos procuradores da República em Curitiba".
 
"É direito do ex-presidente, como de qualquer pessoa, demonstrar inconformismo ou difundir a versão que lhe aprouver. Contudo, nenhum cidadão está acima da lei e ninguém, por mais importante líder que seja, ou maior tenha sido o cargo que ocupou, pode zombar e menosprezar a Justiça. As instituições são pilares da democracia."
 
O texto ressalta que seis dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que negaram habeas corpus a Lula na última quarta (4) foram indicados por ele (Cármen Lúcia), por sua sucessora na Presidência da República, Dilma Rousseff (Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux) ou por Michel Temer, que foi eleito na chapa do PT em 2014 (Alexandre de Moraes).
 
"É nestas circunstâncias, portanto, mais do que fantasioso —entra em verdade nas raias do delírio e da ofensa irresponsável e gratuita— imaginar que o Ministério Público Federal independente e a Justiça brasileira como um todo, encimada por um Supremo Tribunal Federal, estariam mancomunados em uma trama contra o ex-presidente", diz a nota.
 
Em seu discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, Lula voltou a dizer que foi condenado sem provas e acusou a Lava Jato de trabalhar sob pressão da imprensa.
 
"Você não pode fazer julgamento subordinado à imprensa. Porque no fundo, no fundo, você destrói as pessoas na sociedade, na imagem das pessoas, e depois os juízes vão julgar e falam 'Eu não posso ir contra a opinião pública porque a opinião pública está pedindo para cassar'. Quem quiser votar com base na opinião pública largue a toga e vá ser candidato a deputado", criticou Lula.
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