Ex-governador Azeredo é considerado foragido pela Polícia Civil de Minas

Mandado de prisão foi expedido contra o tucano por condenação no mensalão tucano

Carolina Linhares
Belo Horizonte

O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) já é considerado foragido pela Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (23).

Azeredo, 69, teve o mandato de prisão expedido pelo Tribunal de Justiça na tarde desta terça (22). Ele foi condenado a 20 anos e 1 mês de prisão por peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro no esquema do mensalão tucano.

Tratativas entre a defesa do tucano e a Polícia Civil estavam em curso desde a noite de terça para que ele se entregasse. Nesta manhã, a polícia informou que havia perdido o contato com os advogados, mas as conversas foram retomadas.

Segundo o advogado Castellar Guimarães Neto, já há um acordo com a polícia, mas detalhes não foram informados. A ideia é evitar constrangimentos ao tucano.

Azeredo pode se entregar em qualquer delegacia. Também há policiais nas ruas de BH para cumprir o mandato. Seis policiais estão em frente o prédio onde o tucano reside, mas ainda sem ordens para entrar.

 
Eduardo Azeredo está dentro de um elevador; ele deixa o plenário da Câmara após desistir de fazer seu discurso de defesa do caso do mensalão tucano; ele renunciou ao cargo em 2014
Eduardo Azeredo deixa o plenário da Câmara após desistir de fazer seu discurso de defesa do caso do mensalão tucano; ele renunciou ao cargo em 2014 - Alan Marques - 11.fev.2014/Folhapress

Em seu julgamento, o Tribunal de Justiça seguiu o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) de que o cumprimento da pena deve começar após a condenação em segunda instância. 

Azeredo perdeu todos os recursos na corte, inclusive os embargos de declaração julgados nesta terça ---considerado o último recurso possível antes da prisão.

A defesa ainda aguarda decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre pedidos de habeas corpus.

 

O CASO

Azeredo foi inicialmente condenado em 2015, mas recorreu ao Tribunal de Justiça. Em agosto passado, por dois votos a um, os desembargadores mantiveram a condenação em segunda instância. 

Desde então, Azeredo teve dois recursos negados no TJ —o último no dia 24.

A denúncia oferecida em 2007 pela Procuradoria-Geral da República, quando Azeredo ocupava o cargo de senador, acusa o tucano de desviar R$ 3,5 milhões de empresas estatais de Minas (Copasa, Comig e Bemge) para financiar sua campanha.

As empresas pagaram os valores para a SMP&B, do publicitário Marcos Valério, para supostamente patrocinar três eventos esportivos. A orientação para que as estatais concedessem o patrocínio partiu da Secretaria de Comunicação do governo.

As investigações mostram, porém, que os recursos foram usados para cobrir empréstimos da campanha junto ao Banco Rural.

O processo de Azeredo teve início no STF, com o acolhimento da denúncia em 2009. Em 2014, quando a ação estava pronta para ser julgada e o tucano era deputado federal, ele renunciou ao cargo, numa estratégia para voltar à primeira instância e retardar o fim do processo. 

 

Outros acusados no mensalão tucano

Condenados em primeira instância, podem recorrer em liberdade

  • Renato Caporali Cordeiro, ex-diretor de estatal
  • Eduardo Pereira Guedes Neto, ex-secretário adjunto de Comunicação 
  • Clésio de Andrade, ex-senador de Minas (PSDB)

Julgamento em primeira instância próximo

  • Marcos Valério, publicitário 
  • Ramon Hollerbach, sócio
  • Cristiano Paz, sócio

Punibilidade extinta por prescrição

  • Walfrido dos Mares Guia, ex-vice-governador de Minas
  • Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha de Azeredo
  • Lauro Wilson, ex-diretor de estatal



 

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