Fundador do Doutores da Alegria troca hospitais por pré-candidatura em SP

Wellington Nogueira aceitou convite da Rede para ser candidato a deputado federal por São Paulo

Ricardo Kotscho
São Paulo

O Brasil tem cura, acredita o ator Wellington Nogueira. Depois de 27 anos à frente dos Doutores da Alegria, trupe de palhaços que já levou conforto e diversão para 1,5 milhão de pacientes nos hospitais brasileiros, ele resolveu aceitar o convite da Rede para ser candidato a deputado federal por São Paulo.

"Eu me sinto indo para um grande hospital", afirma. 

"Pensei comigo: tenho 57 anos, vou fazer o que da vida agora? Largar tudo, ir para Miami ou Portugal? Vou ficar aqui. Agora estou com raiva. Tenho que fazer alguma coisa por gratidão ao Brasil, o melhor lugar do mundo."

Passar do empreendedorismo social para a política foi um processo natural, diz. 

Em seu trabalho nos hospitais, o médico de fantasia começou a se interessar por políticas públicas e participou de estudos e elaboração de projetos para melhorar a vida dos pacientes. Ao tentar colocá-los em prática, descobriu que tudo dependia da tal da política.

A ideia de se candidatar ganhou força em 2017, quando ele se envolveu em discussões sobre renovação na política. 

Naquele ano, Nogueira foi um dos 136 bolsistas aprovados pelo RenovaBR, que paga uma ajuda de custo durante um curso de formação. 

"Isso me deu mais segurança para entrar nesse mundo. É um modo de quebrar a 'filhocracia' da política brasileira, em que a renovação se dá entre membros das mesmas famílias, e dar chance a outras pessoas que de outra forma não teriam como fazer campanha", afirma. 

Nogueira diz que se sente agora como quando começou com os Doutores da Alegria, em 1991, após uma sucessão de coincidências.

Quando tinha sete anos, prometeu aos pais que seria médico. Aos 20, foi morar nos Estados Unidos com planos de estudar teatro. Lá o convidaram para se apresentar como palhaço num hospital, e daí para a frente não fez outra coisa na vida.

De volta ao Brasil, foi visitar o pai na UTI do Instituto do Coração e aproveitou para fazer palhaçadas para as crianças internadas.

"Fui, e foi muito legal. Quando terminei, meu pai tinha saído do coma. Depois, ele saiu do hospital e eu voltei para acompanhar os seus últimos dias. No ano seguinte, voltei de vez ao Brasil e criei os Doutores da Alegria."

A ONG dos palhaços de hospital funcionou primeiro na casa da mãe de Nogueira e hoje possui filiais no Rio e no Recife. São mais de mil iniciativas semelhantes espalhadas pelo país.

"Eu amo o que faço nos hospitais, mas como gosto de arrumar encrenca resolvi arriscar", diz Nogueira, que para disputar as próximas eleições pediu autorização da mulher, Mara Mourão, cineasta, e de Theo, de 19 anos, o único filho. Eles apoiaram a decisão. 

"Tudo o que a gente vive, passa por Brasília", argumenta. "Nós ficamos muitos anos alijados desse processo e isso abriu espaço para a malandragem."

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