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Josué comunica a Alckmin e ao centrão que não será vice do tucano

Vaivém do empresário mineiro chegou ao fim nesta quinta (26), após pressão de familiares e aliados

Daniel Carvalho Marina Dias
Brasília

O empresário Josué Alencar (PR-MG) encerrou o suspense nesta quinta-feira (26) e comunicou oficialmente ao centrão que não será vice de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo Planalto.

A informação foi noticiada pela coluna Painel, da Folha, e confirmada pelo vice-presidente do PR, deputado Milton Monti, ao chegar à casa do senador Ciro Nogueira (PP).

Os representantes do centrão receberam uma carta de três parágrafos de Josué com a desistência e agora discutem um plano B entre todos os partidos que compõem a coligação do tucano: DEM, PP, PR, SD, PRB, PTB, PSD, PPS e PV.

"Por questões pessoais não posso aceitar. Estou convicto, contudo, de que os partidos unidos neste momento em favor de um Brasil melhor indicarão candidato a vice-presidente capaz  de agregar muito mais força eleitoral e conhecimento político do que eu para o cumprimento da missão", diz trecho da carta.

Ao deixarem uma reunião na casa do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), os comandantes do centrão não quiseram citar nomes, embora tenha ganhado força a tese de que o novo convidado deve ser algum filiado ao PP, como o empresário Bejanmin Steinbruch ou a vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho.

Indicado ao posto pelo bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, Josué se mostrava reticente quanto à possibilidade de ingressar na chapa tucana e, nos últimos dias, foi alvo de forte investida de aliados que tentaram convencê-lo a aceitar a proposta.

Josué Gomes da Silva, empresário e filho de José Alencar
Josué Gomes da Silva, empresário e filho de José Alencar - Zanone Fraissat - 21.nov.2013/Folhapress

O movimento, porém, falhou, e Josué tomou a decisão que mais agradava a seus familiares, principalmente à sua mãe, Mariza, que não o queria na disputa eleitoral deste ano.

Josué foi indicado pelo centrão para compor com Alckmin mas, já na segunda-feira (23), disse que somaria pouco à campanha e deixou o tucano "à vontade" para escolher outro nome.

Horas depois, integrantes do centrão já começaram a cogitar um plano B: o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), a senadora Ana Amélia (PP-RS) e o ex-ministro Aldo Rabelo (SD-SP) foram ventilados como hipóteses.

A ordem, porém, foi refluir as especulações e tentar convencer Josué a mudar de ideia nesta quarta, mas o movimento não foi suficiente.

O bloco estipulou esta quarta como prazo para Josué dar sua resposta definitiva, já que nesta quinta-feira (26) fará um evento em Brasília para oficializar o apoio do grupo a Alckmin.

A relação de Josué com o PT também foi levada em consideração, segundo aliados, para o vai e vem do empresário.

Morto em 2011, José Alencar, pai de Josué, foi vice-presidente durante os dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva. A ligação familiar histórica fez, inclusive, que uma chapa entre Josué e o candidato do PT ao Planalto —que será lançado caso Lula seja impedido de concorrer— fosse cogitada por petistas.

Lula foi o principal fiador da filiação de Josué ao PR e era simpático à ideia de que ele fosse seu candidato a vice, caso conseguisse concorrer em outubro. Preso há mais de três meses em Curitiba, Lula mantém o discurso de que é candidato, mas o partido já busca um nome de vice mais alinhado à esquerda para suprir a eventual ausência do ex-presidente na chapa.

A indefinição de Josué já vinha irritando integrantes do centrão, que desde a noite de quarta-feira (25) já não contavam com ele.

"Acho que o Josué não foi muito correto fazendo a gente esperar este tempo", disse o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, na noite de quarta.

ALCKMIN

Ao receber oficialmente o apoio do grupo formado por partidos conhecidos por seu apetite por cargos, Alckmin minimizou a demora de Josué para anunciar se aceitaria ou não o posto.

"Para ter vice, precisa ter candidato. Só hoje que o centro democrático decidiu pela nossa pré-candidatura. A partir de agora, vamos nos debruçar na questão do vice. O vice é uma decisão coletiva. Não temos pressa", afirmou.

Sobre o perfil que seu vice deve ter, disse apenas que ele não será de São Paulo nem do PSDB. O nome do empresário Benjamin Steinbruch (PP) voltou a ser cotado, já que o centrão já não acredita que receberá um sim de Josué.

Alckmin também desconversou quando foi questionado sobre como lidaria com as futuras cobranças em um eventual governo.

"Estamos unidos para mudar o Brasil. Precisamos de governabilidade. O Brasil precisa crescer", respondeu o ex-governador de São Paulo.

Mais cedo, havia dito que os representantes do centrão —​DEM, PP, PR, SD e PRB—, integrariam um conselho de articulação política em sua campanha e afirmou que o grupo era formado por "cinco grandes partidos que têm responsabilidade com o povo brasileiro e com o nosso país".

Cercado pela cúpula dos partidos do blocão —exceto o comandante do PR, Valdemar Costa Neto, que mandou o deputado Milton Monti como seu representante—, Alckmin foi questionado sobre qual seria a participação de mulheres em seu ministério, caso venha a ser eleito. A ausência feminina na composição do governo é uma das principais críticas feitas à gestão Michel Temer.

O tucano discorreu sobre a miscigenação do país e, só depois da insistência na pergunta, ele afirmou que teria "o máximo possível" de mulheres em seu eventual governo.

Em seu discurso, Alckmin disse que se sente mais preparado para disputar a Presidência hoje do que em 2006, quando foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.

Em um recado claro a seus adversários tanto da esquerda como da direita, disse estar feliz com a reunião de partidos do "centro democrático", como o bloco tem se autointitulado para evitar a carga negativa do nome centrão, grupo de partidos que ficou conhecido por dar sustentação a Eduardo Cunha (MDB-RJ), então presidente da Câmara, e por cobrar cargos e emendas em troca de apoio a Michel Temer.

"O caminho não é nem o autoritarismo nem o populismo. É a democracia", disse Alckmin.

O tucano prometeu investir no pós-sal "com a Petrobras e com a iniciativa privada" e na agricultura. Reiterou a promessa de reduzir o imposto de renda de pessoa jurídica e também a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
 

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