Marcelo Odebrecht pediu a empresário sigilo total sobre compra de 'prédio institucional'

Recomendação foi feita por e-mail a construtora apontada como laranja na aquisição de terreno para Instituto Lula

Ana Luiza Albuquerque
Curitiba

O empresário Marcelo Odebrecht pediu ao dono da DAG Construtora, Dermeval Gusmão, "sigilo total" sobre a compra de um "prédio institucional" em 2010. "Fora as pessoas da OR envolvidas, ninguém mesmo da casa sabe", escreveu em e-mail.

A defesa do empresário Glaucos da Costamarques pediu que mensagens eletrônicas encontradas no computador de Odebrecht sejam anexadas aos autos do processo em que ele é acusado de ter atuado como laranja para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

 
Terreno com construção na esquina da rua Dr. Haberck Brandao, 178,
Terreno da rua Dr. Haberck Brandao, 178, que supostamente teria sido oferecido para o Instituto Lula - Adriano Vizoni - 20.dez.2016/Folhapress
 

Nesta ação penal, o petista é suspeito de ter favorecido a empreiteira em troca de propina de cerca de R$ 12 milhões para a compra de um terreno para o Instituto Lula na zona sul de São Paulo (SP) e de um apartamento vizinho ao que morava, em São Bernardo do Campo (SP).

A DAG e Costamarques são apontados pelo Ministério Público Federal como laranjas de Lula na compra do terreno e do apartamento, respectivamente. Segundo a Procuradoria, ainda que em nome do empresário, o apartamento teria sido utilizado pelo petista, que não teria pago aluguel pelo uso.

Ao pedido de sigilo de Marcelo Odebrecht, Gusmão respondeu: "Obrigado por mais uma vez por lembrar, mas estou bem atento até para minha segurança. Realmente tem muito curioso na casa..."

O empresário mostra preocupação, ainda, em outra mensagem: "Precisava me aprofundar com vocês sobre riscos prédio Instituto".

Odebrecht também trocou e-mails com Branislav Kontic, ex-assessor do ex-ministro Antônio Palocci. Em mais de um, o empresário refere-se ao chefe. "Brani, favor lembrar ao chefe o encontro que ele ficou de marcar com o advogado sobre o prédio, pois recentemente fomos cobrados."

Ao engenheiro Paulo Baqueiro de Melo, Odebrecht diz que o custo é de uma conta que Hilberto [Mascarenhas, ex-executivo] debita para três fontes distintas. 

Em fevereiro, o empresário já havia apresentado e-mails que tratariam da compra do terreno para a construção do instituto. 

Em uma das mensagens, Odebrecht dizia que já havia avisado ao Italiano (que já afirmou se tratar de Palocci) que estavam "batendo na trave". "Este pessoal não tem responsabilidade... Como algum repórter xereta pode acabar chegando na DAG acho importante prepararmos a história/estratégia de comunicação (ou de não comunicação) deles", escreveu.

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