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Cabo Daciolo é bem despreparado, diz deputada tetraplégica cuja cura ele profetizou

Mara Gabrilli critica uso da tribuna para assuntos alheios ao interesse coletivo

Thais Bilenky
Taubaté

A deputada federal tetraplégica Mara Gabrilli (PSDB-SP) criticou o colega Cabo Daciolo (Patriotas-RJ), que profetizou sua cura na tribuna da Câmara no mês passado e na quinta-feira (9) teve atuação polêmica no debate de presidenciáveis da TV Bandeirantes.

"Faltou proposta da parte dele. Não vi intimidade com o Brasil, demonstrou pouco conhecimento ainda sobre o país", afirmou Gabrilli sobre a atuação de Daciolo no debate. "Achei ele bem despreparado."

Em julho, o deputado, que anda com uma bíblia a tiracolo e tem Enéas Carneiro como ídolo, foi à tribuna orar pela cura de Gabrilli.

A deputada Mara Gabrilli durante evento "Casa TPM 2016" - Greg Salibian/Folhapress

"Esqueçam religião. Não estou aqui para pregar religião. Há dois anos Deus me cobra para falar algo para essa deputada. Quero diante de todos profetizar a cura da deputada Mara. Eu creio que aquela mulher vai levantar da cadeira e começar a andar. Eu peço ao Deus das causas impossíveis que ele possa estender a mão dele e possa tocar na sua serva", discursou Cabo Daciolo.

Para a deputada, a cena “não incomodou tanto. Estou muito acostumada. As pessoas me param na rua, pessoas religiosas, para falar um discurso bem parecido com o dele”, relatou a tucana, que nesta eleição disputa uma vaga no Senado.

"Por outro lado, a tribuna tem que ser usada para falar coisas relacionadas ao país. Ficar falando de uma pessoa só? Não funciona muito”, criticou.

Gabrilli observa que iniciativas do tipo são comuns na Casa. “Ele fez dessa forma religiosa, mas tem gente que usa a tribuna em benefício próprio de uma forma muito pessoal”, afirmou a deputada.

Mais um motivo para reduzir o número de deputados e senadores, como pretende propor o PSDB em projeto de lei. “Vai contribuir para a gente melhorar um pouco inclusive o nível dos discursos”, sustentou Gabrilli.

Deputado de primeiro mandato, Cabo Daciolo apresentou 139 proposições, uma só aprovada. Ele foi expulso do PSOL em 2015 depois de sugerir a substituição da palavra povo pela palavra Deus no artigo 1º da Constituição, no trecho "todo poder emana do povo".

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