Ministério Público acusa Haddad de improbidade por suposto recebimento de caixa dois

Promotoria afirma que petista soube de repasses para pagar dívidas de campanha já no mandato como prefeito de SP

Géssica Brandino
São Paulo

O promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo Wilson Ricardo Coelho Tafner propôs nesta segunda-feira (27) uma ação civil contra o ex-prefeito de São Paulo e candidato a vice-presidente na chapa do PT, Fernando Haddad, sob acusação de improbidade administrativa.

A ação tem como base a investigação que motivou o Ministério Público Eleitoral a denunciar o petista por suposto uso de caixa dois para pagamentos de dívidas da campanha eleitoral de 2012 pela empreiteira UTC. As informações foram compartilhadas pela Justiça, que aceitou a denúncia no início de junho.

De acordo com apuração feita pela Polícia Federal durante a Operação Cifra Oculta, nos primeiros meses de 2013 —quando Haddad já havia assumido o mandato—, o então tesoureiro do PT João Vaccari Neto pediu ao executivo da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa, dinheiro para pagar dívidas de campanha do petista.

O ex-deputado estadual petista e empresário de gráficas Francisco Carlos de Souza, conhecido como “Chicão”, seria o destinatário R$ 2,6 milhões em propina da Petrobras.

Tafner afirma que Haddad já no exercício do mandato “tinha pleno domínio daquela solicitação espúria e dos interesses da UTC/Constran nas grandes obras públicas da Prefeitura de São Paulo”.

O promotor pede a condenação de todos os investigados, com ressarcimento dos cofres públicos e suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos e proibição de fazer contratos com o poder público por três anos.

A assessoria de Haddad diz que tem demonstrado com documentos que todo o material gráfico produzido em sua campanha foi declarado e que não havia razão para receber qualquer recurso não declarado da UTC. 

Sobre a suspeita de favorecimento da empreiteira, a assessoria diz que a UTC teve interesses confrontados logo nos primeiros dias da gestão Haddad “principalmente com a suspensão da construção do túnel da avenida Roberto Marinho, cuja obra mostrava indícios claros de sobrepreço”.

Além de Haddad, o ex-secretário de saúde da cidade de São Paulo, José de Filippi Júnior, também é alvo da ação, acusado de receber “mensalinho” para servir como interlocutor da empreiteira com o prefeito. 

Segundo a Promotoria, Filippi recebeu R$ 750 mil em pagamentos efetuados no período de 2010 a 2014.

Em nota, Filippi afirmou que "em nenhum momento fui ouvido pelo Ministério Público, o que prejudica o processo jurídico e tolhe o direito de defesa". "Sigo com a consciência tranquila, pois acusações levianas de um criminoso confesso não conseguirão abalar a verdade e os fatos", disse. 
 

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