Descrição de chapéu Eleições 2018

Na Bahia, defensor da maconha se alia ao PSL

Igor Kannário (PHS), músico e vereador, disputa uma vaga de deputado federal

João Pedro Pitombo
Salvador

As alianças firmadas pelo PSL na Bahia levaram para o palanque do presidenciável Jair Bolsonaro figuras como um impopular ex-prefeito de Salvador e um vereador com histórico de atritos com a Polícia Militar e que é defensor da legalização da maconha.

O PSL forma aliança com o PRTB, PHS e PPS e fará parte da coligação que lançou o ex-prefeito de Salvador João Henrique Carneiro (PRTB) ao governo do estado.

Com a aliança na disputa proporcional, o partido poderá ajudar a eleger o vereador e cantor de pagode Igor Kannário (PHS), que disputa uma vaga de deputado federal na mesma coligação.

O cantor Igor Kannário - Alfredo Filho - 25.ago.2018/Prefeitura de Salvador

Ele afirma ser um defensor da legalização da maconha —bandeira que vai na direção oposta em relação a propostas defendidas por Bolsonaro e seus correligionários.

Com grande popularidade na periferia de Salvador, Igor Kannário, 33, tem uma carreira controversa e marcada por episódios polêmicos. Parte de suas músicas são apontadas como incitação à violência —uma delas traz o verso "se vier, eu bagaço [destruo]".

No Carnaval deste ano, discutiu com policiais de cima de um trio elétrico após soldados atuarem para deter uma confusão entre foliões que o acompanhavam. "Quando eu for deputado, vou acabar com o spray de pimenta", disse Kannário após a polícia usar o equipamento.

Meses depois, discutiu novamente com policiais na Micareta de Feira de Santana e afirmou ser "mais autoridade" do que eles por ser vereador. Kannário também foi detido por duas vezes, no início de 2015, por porte de maconha.

Procurado, o vereador disse que as críticas a sua candidatura vêm de pessoas que tentam desmerecer a força de seus eleitores: "A possibilidade real da eleição de um favelado assusta muita gente". Ele não quis comentar sobre temas como sua relação com a polícia e defesa da maconha.

Presidente do PSL na Bahia, a professora Dayane Pimentel diz que a coligação foi firmada para favorecer os candidatos de seu partido no coeficiente eleitoral. Mas afirma repudiar a presença de Kannário entre os integrantes da coligação.

Ela diz que seus correligionários não ajudarão a eleger Kannário, mas o contrário: "Ele que vai ajudar a eleger homens e mulheres de bem. Quando Deus quer, até o diabo obedece."

Na eleição majoritária, o PSL baiano estará no palanque do ex-prefeito João Henrique Carneiro, candidato a governador.

Prefeito de 2005 a 2012, João Henrique deixou a prefeitura com quatro contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Impopular, ele não lançou nenhum candidato a sua sucessão.

A aliança na Bahia foi firmada depois que o PSL coligou-se nacionalmente com o PRTB, que indicou o general Hamilton Mourão como vice de Bolsonaro. O PSL da Bahia, contudo, diz que não apoiará o ex-prefeito.

Mesmo sem a contrapartida de apoio, João Henrique —que tem trajetória política em partidos como o PDT—, tornou-se um dos maiores entusiastas da candidatura presidencial de Jair Bolsonaro no estado.

"Não fui em quem mudei. O Brasil que mudou. Temos um excesso de democracia no país e a solução é elegermos Bolsonaro", afirma.

Há dois anos, ele lançou-se candidato a vereador pelo PR vestindo uma camisa com a imagem de Che Guevara, líder e um dos símbolos da revolução cubana. Teve 5.292 votos e não foi eleito.

Entre as 27 unidades da federação, o Bahia ocupa o 16º lugar no Ranking de Eficiência dos Estados - Folha (REE-F). Confira a situação de outros estados.  ​

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