Descrição de chapéu Eleições 2018

Anistia Internacional vê 'enorme risco' com eleição de Bolsonaro

Entidade diz que proposta do presidente eleito sobre armas pode agravar violência no país

Rubens Valente
Brasília

Em nota neste domingo (28) após o anúncio da vitória de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), a Anistia Internacional afirmou que, caso a retórica do candidato se torne política pública, sua eleição “representa um risco enorme para os povos indígenas e quilombolas, comunidades rurais tradicionais, pessoas LGTBI, jovens negros, mulheres, ativistas e organizações da sociedade civil”.

Segundo a diretora da AI para as Américas, Erika Guevara-Rosas, as propostas de Bolsonaro de flexibilizar leis de controle de armas e autorização prévia para policiais matarem em serviço “agravariam o já terrível contexto de violência letal no Brasil, onde ocorrem 63 mil homicídios por ano, mais de 70% deles com armas de fogo, muitos dos quais são, na realidade, execuções extrajudiciais”.

 

“Além disso, Bolsonaro ameaçou os territórios de povos indígenas com a promessa de alterar os processos de demarcação de terras e autorizar grandes projetos de exploração de recursos naturais. Da mesma forma, também falou sobre flexibilizar os processos de licenciamento ambiental e criticou as agências de proteção ambiental do Brasil, colocando em risco o direito de todas as pessoas a um ambiente saudável”, diz a nota da AI.

A ONG disse que o Brasil tem “uma das taxas de assassinatos de defensores e ativistas de direitos humanos mais altas do mundo, com dezenas de mortos todos os anos por defender os direitos que deveriam ser garantidos pelo Estado”.

De acordo com a AI, “nesse contexto, as declarações do presidente eleito, sobre colocar um fim no ativismo e reprimir os movimentos sociais organizados, representam um alto risco aos direitos de liberdade de expressão e manifestação pacífica, garantidos pela legislação nacional e pelo direito internacional”.

"As instituições públicas brasileiras devem tomar medidas firmes e decisivas para proteger os direitos humanos e todos aqueles que defendem e se mobilizam pelos direitos no país. Essas instituições têm um papel fundamental a desempenhar na proteção do estado de direito e impedir que as propostas anunciadas se materializem", afirmou, na nota, Erika Guevara-Rosas. 

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