O segundo turno das eleições 2018, neste domingo (28), mostrou que funcionou bem no estado de São Paulo a dupla Bolsodoria, entre Jair Bolsonaro (PSL) e João Doria (PSDB).
Isso porque, como mostra levantamento realizado pelo Núcleo de Inteligência da Folha, o tucano recebeu mais votos nas cidades em que Bolsonaro foi mais bem-sucedido.
A cidade que mais representou o sucesso dessa dobradinha foi Saltinho, na região metropolitana de Piracicaba e a cerca de 175 km de São Paulo. Nessa cidade, o presidente eleito recebeu 89,2% dos votos, e Doria conquistou 78%.
Outra cidade em que parceria se mostrou dominante foi Marapoama, na região de São José do Rio Preto e a 415 km de São Paulo. Lá, Bolsonaro atingiu 85,3%, e Doria, 64,7%.
O inverso também foi visto nas urnas, ou seja, nos municípios em que o capitão reformado não foi tão bem, Doria seguiu o mesmo roteiro.
Exemplo disso foi Itapura, cidade próxima à divisa do estado com Mato Grosso do Sul e a cerca de 680 km da capital, onde Bolsonaro obteve 33,1% dos votos, e Doria, 24,5%.
Em Itapura, Márcio França (PSB) levou 75,5%, e Fernando Haddad (PT), 66,9%.
O mesmo ocorreu em Euclides da Cunha Paulista, perto de Presidente Prudente e a cerca de 700 km da capital, onde Haddad e França lideraram com 63,3% e 69,1%, respectivamente, enquanto Bolsonaro ficou com 36,7%, e Doria, com 30,9%.
O termo Bolsodoria foi criado em São Paulo antes do primeiro turno das eleições, realizado em 7 de outubro, quando João Doria fez questão de atrelar seu nome ao do então líder da corrida presidencial Jair Bolsonaro.
A atitude, inclusive, foi motivo de mal-estar no PSDB, que tinha Geraldo Alckmin na disputa presidencial.
Logo após a votação do primeiro turno, quando Alckmin já havia perdido e o PSDB amargava o pior resultado desde sua fundação, Doria escancarou apoio ao candidato do PSL.
À época o hoje governador eleito de São Paulo buscava a todo custo o apoio do peselista. Tanto que, em 12 de outubro, Doria viajou para o Rio de Janeiro, sem avisar Bolsonaro, em busca do apoio formal.
Na ocasião, ele deixou a agenda de campanha na capital paulista para ir ao Rio, mas não foi recebido pelo agora presidente eleito.
A informação do encontro dos dois foi divulgada pela assessoria de Doria. Eles se encontrariam às 17h30 na casa de Paulo Marinho, aliado e amigo de Bolsonaro, onde os programas do PSL foram gravados.
Doria chegou ao local por volta de 18h, mas não encontrou Bolsonaro nem Marinho.
Meia hora depois, Marinho chegou à sua casa acompanhado de Gustavo Bebianno, presidente em exercício do PSL, e de Julian Lemos, vice-presidente da legenda.
O episódio gerou duas versões e mal-estar. Pelo lado do PSL, Bebianno disse: “Não tem nenhum encontro marcado. Existe uma conversa institucional no sentido de o PSL agradecer ao apoio que gentilmente está sendo oferecido pelo candidato João Doria em São Paulo a Jair Bolsonaro.”
Já Doria deixou o local dizendo que os planos mudaram devido ao fato de Bolsonaro ter se sentido indisposto.
Depois, Bolsonaro disse: "Eu não havia combinado isso aí".
Não foi a primeira vez que o governador eleito desagradou ao presidente eleito.
Em dezembro de 2017, em evento com empresários no Rio, Doria disse que era “vergonhoso imaginar que a opção para o país” fosse apoiar Lula ou “um movimento de extrema direita”.
E em maio deste ano, quando já pré-candidato ao governo paulista, falou: “Mesmo que tenhamos um desastre com o Bolsonaro, o Brasil sobreviverá. Somos um país forte”.
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