Descrição de chapéu Eleições 2018

Haddad cita Lula 18 vezes mais do que Dilma, que é mais atacada do que Temer

Reportagem monitora discursos de presidenciáveis em redes sociais e na TV

Michel Temer, Dilma Rousseff e Lula, em encontro em 2014
Michel Temer, Dilma Rousseff e Lula, em encontro em 2014 - Joedson Alves - 21.jun.14/Reuters
Felipe Bächtold Marina Merlo
São Paulo

Líder das pesquisas até ter a candidatura barrada, Luiz Inácio Lula da Silva é disparado o ex-presidente da República mais citado pelos presidenciáveis desde o início da campanha. Fernando Haddad (PT) menciona seu padrinho político quase 20 vezes mais do que fala sobre Dilma Rousseff, que governou o país durante 40% do tempo em que o PT esteve no poder. 

Diferentemente de 2014, quando o partido apresentava o governo petista como um período único, agora o foco é nos mandatos Lula, em que o crescimento econômico do país atingiu o seu auge neste século. A petista deixou o cargo em 2016 rejeitada por 63% da população e sendo responsabilizada pela crise econômica.

A reportagem identificou até esta semana ao menos 571 citações de Haddad a Lula, entre publicações em redes sociais e no horário eleitoral na TV, desde o início da campanha. Dilma foi citada pelo presidenciável 31 vezes, e Michel Temer, 38 —em sua maioria em um contexto de críticas a medidas do atual governo. Impopular, a ex-presidente nunca participou do horário eleitoral da candidatura Haddad na televisão. 

Hoje candidata ao Senado em Minas, Dilma é lembrada geralmente para atacar o impeachment de 2016 e pouco por feitos do período. Com o slogan “trazer o Brasil de Lula de volta”, Haddad chega a exibir trechos de reportagens de TV sobre o desempenho da economia do país em 2007, por exemplo.

Quando é questionado sobre a gestão da economia no período Dilma, ele costuma culpar a oposição e as “pautas-bomba” que tramitaram no Congresso em 2015. Entre os pontos em que reconhece falhas nos mandatos petistas, está a concessão de benefícios a empresários, como desonerações.

O segundo presidenciável que mais cita Lula nessas plataformas é o emedebista Henrique Meirelles, que repete quase diariamente que foi presidente do Banco Central no governo do PT, em um período de economia em alta.

Chefe de Meirelles até abril, Michel Temer, que enfrenta alta rejeição nas pesquisas de popularidade, é mencionado com metade da frequência. Dilma é mais lembrada pelo presidenciável do MDB, quase sempre em críticas relacionadas à recessão da economia.

Ainda na linha de menções positivas a Lula, Ciro Gomes (PDT) costuma citá-lo recordando seu período como ministro da Integração Nacional, de 2003 a 2006. Mesmo em embate com Haddad por uma vaga no segundo turno, o pedetista levou ao ar, por exemplo, uma peça sobre o projeto de transposição do rio São Francisco, do qual participou em seu período no governo petista.

Alvaro Dias, do Podemos, é um dos que mais citam os ex-presidentes Lula e Dilma em contexto crítico, em sua estratégia de marcar posição como opositor do PT.

O tucano Geraldo Alckmin tenta associar o PT a Temer, classificando o atual presidente como uma herança da era petista. Marina Silva (Rede) evita menções aos ex-presidentes, ainda que tenha sido ministra do Meio Ambiente de Lula por cinco anos. 

Bem atrás na lista das menções aparece o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que quase não é citado pelo candidato de seu partido, Alckmin, e costuma ser mais lembrado por Meirelles. 

A análise foi feita pelo GPS Eleitoral, sistema da Folha de monitoramento das campanhas. Foram transcritos todos os vídeos postados pelas candidaturas e o programa eleitoral obrigatório da TV. Foram analisadas também as postagens dos candidatos no Facebook e Twitter. Um modelo estatístico mostra os temas mais citados.

 

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