Ativista sindical e cientista social, Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado, 51, começou a trabalhar aos 14 anos. Foi faxineira, garçonete, escriturária e datilógrafa. Aos 19, entrou para uma indústria de calçados em Aracaju como costureira, onde fundou o sindicato dos coureiros e sapateiros —atual Sindicato dos Têxteis—da cidade.
É a oitava eleição que disputa. Das outras —quatro para prefeita (Aracaju), duas para deputada federal e uma para governadora por Sergipe— não venceu nenhuma.
Como foi sua passagem pelo PT e o início do PSTU? Entrei no PT em 1989 e saí em 1992 com os demais integrantes do grupo político Convergência Socialista. Após dois anos, fundamos o PSTU. Cheguei ao PT atraída pela referência de partido combativo, que respondia as questões da classe. Com o tempo, o PT começou as alianças com setores da burguesia, passou a receber financiamento de campanha, rebaixou o seu programa e o estatuto e canalizou a nossa insatisfação. O PSTU é o único partido de esquerda que luta pelos trabalhadores. Tem a cara da nossa classe, que é pobre, negra e que sofre todo tipo de opressão e discriminação.
Por que chegou a essa conclusão? O PT traiu descaradamente a classe trabalhadora, como seguiu regiamente o programa do Fundo Monetário Internacional e pagou a dívida pública. É um partido que governa para o agronegócio, os latifundiários, a grande indústria e para o sistema capitalista. O PT chafurda na lama da corrupção, como a direita sempre fez.
As últimas quatro eleições para Presidência foram disputadas pelo presidente do partido, Zé Maria. Por que agora o PSTU optou por lançá-la? Frente à crise política e econômica que nos afeta de forma avassaladora, o partido achou que eu seria a expressão de um projeto socialista para destruir o sistema capitalista vigente com atenção às demandas das classes menos favorecidas.
A sra. sofreu preconceito na política por ser negra? Sofri por ser mulher, negra, pobre e trabalhadora. Os trabalhadores são educados cotidianamente de que são incapazes de governar. Por que não podemos administrar o resultado da riqueza que produzimos? Quem constrói a riqueza deve ter o poder de governá-la. O PSTU também sofreu preconceito. Só temos 5 segundos de propaganda e não participamos dos debates. Isso é censura e antidemocracia. O nome nanico, quando se referem ao partido, é discriminatório e pejorativo.
O PSTU fala em rebelião como solução. De que forma? A eleição é um jogo de cartas marcadas com o peso do poder econômico. Não vamos mudar nada com eleição. Rebelar-se é a única forma de acabar com o sistema capitalista, a pobreza e miséria.
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