Roger Waters homenageia Marielle Franco em show no Rio

Músico tem se posicionado sobre o cenário político brasileiro em suas apresentações no país

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O músico britânico Roger Waters durante show no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro
O músico britânico Roger Waters durante show no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel/AFP
Rio de Janeiro

Em apresentação no Maracanã nesta quarta (24), Roger Waters prestou homenagem a Marielle Franco, vereadora do Rio assassinada no dia 14 de março. Ele chamou ao palco a viúva de Marielle, Mônica Francisco, a irmã e a filha da vereadora Anielle Franco e Luyara Santos.

“Marielle Franco acreditava nos direitos humanos como eu acredito, mas infelizmente nem todos no mundo acreditam”, disse Waters, que exibiu em um telão reportagem de jornal britânico que noticiou a morte da vereadora, ocorrida em março, mas ainda não elucidada pela polícia.

“A gente precisa de vocês com a gente, pedindo justiça”, disse Anielle, para logo depois Mônica puxar um coro de “justiça”, acompanhada por parte da plateia. "Já são 224 dias sem resposta", reclamou ela.

No telão, o ex-Pink Floyd mostrou ainda uma foto com quatro deputadas eleitas pelo PSOL este ano - a própria Mônica, Renata Souza, Dani Monteiro e Talíria Petrone - a quem chamou de "sementes que Marielle deixou".

Foram ouvidas algumas vaias e a reportagem da Folha viu um princípio de briga na pista Premium. “Eu paguei para ver ele cantar!”, gritava um dos contrários à homenagem.

Waters vestiu uma camisa com os dizeres “Lute como Marielle Franco” e, após a saída da família de Marielle, emendou a música “Mother”, exibindo no telão a expressão “nem fodendo”.

 
Roger Waters homenageia Marielle Franco no Rio
Roger Waters vestiu uma camisa com os dizeres “Lute como Marielle Franco” durante show no Rio de Janeiro - Alexandre Gaio/Arquivo pessoal

Eleita pelo PSOL, Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos a tiros após deixar um evento na Lapa, região central do Rio.

O crime foi alçado ao debate eleitoral depois que apoiadores de Bolsonaro, incluindo o deputado federal eleito Rodrigo Amorim (PSL), rasgaram uma placa que homenageava a vereadora em ato de campanha com participação do candidato ao governo do Estado, Wilson Witzel (PSC).

Waters já havia homenageado, em Salvador, o mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, morto a facadas após discussão política em um bar na capital baiana.

No show do Maracanã, por diversas vezes, eleitores contrários à Jair Bolsonaro (PSL) puxaram o coro “Ele Não”, mas foram abafados por vaias dos apoiadores do capitão reformado.

No Rio, Bolsonaro teve 59,79% dos votos válidos no primeiro turno, percentual maior do que a média nacional, de 46,03%.

Waters contou com a participação 12 crianças e adolescentes do projeto social EducaGente, da Associação Beneficente São Martinho, que fizeram o coro em "Another brick in the wall (Part 2)".

A apresentação no Rio é a antepenúltima da turnê Us + Them no Brasil. Na estreia, em São Paulo, o músico recebeu muitas vaias ao exibir os dizeres #EleNão no telão.

Em entrevista à Folha na sexta (19), ele agradeceu as vaias e disse que a reação foi importante para chamar atenção ao debate político proposto pelo show.

A turnê passará ainda por Curitiba, no sábado (27), véspera da eleição, e por Porto Alegre, na terça (30).

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