Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Com general Heleno no Planalto, chefe da Defesa de Temer deve manter cargo

Ministro Silva e Luna, também um quatro estrelas, se encontrou com Bolsonaro nesta terça (6)

Igor Gielow
São Paulo

Com a provável ida do general Augusto Heleno para o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo Jair Bolsonaro, a vaga que estava reservada para o militar da reserva no Ministério da Defesa deverá ser mantida pelo atual ocupante do cargo.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, o ministro da defesa, general Silva e Luna, e o general Heleno
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, e o general Heleno - Divulgação/Ministério da Defesa

Também um general da reserva de quatro estrelas, topo da hierarquia militar em tempos de paz, Joaquim Silva e Luna está na Defesa desde o fim de fevereiro. Ele substituiu Raul Jungmann na operação que criou a pasta da Segurança na esteira da intervenção federal na segurança do Rio.

Bolsonaro almoçou nesta terça (6) com a cúpula da Defesa, capitaneada por Silva e Luna, com a presença de seu núcleo duro militar: o vice, Hamilton Mourão, Heleno e Oswaldo Ferreira, todos egressos do Alto Comando como o atual ministro. 

Naturalmente, a sucessão não esteve no cardápio com tantos comensais. As conversas estão acontecendo às margens, por meio de interlocutores. As Forças Armadas têm tido preocupação de externar a diferença entre a instituição e Bolsonaro, primeiro militar eleito pelo voto direto desde os anos 1940.

No almoço, ficou acertado o compromisso depois expresso por Bolsonaro de evitar contingenciamento do orçamento militar e também que serão estudadas opções de reforma previdenciária de militares após haver a certeza do que vai acontecer com o projeto que mexe na aposentadoria dos civis.

O presidente eleito visitou também os comandantes do Exército e da Marinha. À porta do comando naval, citou a possibilidade de Heleno o acompanhar no Planalto, referência ao GSI e tergiversou sobre a possibilidade de a Defesa ficar com outra Força, como a própria Marinha.

Segundo quem participa da costura na área militar, seria mais fácil um civil voltar à chefia do que tirar a preferência pela maior das Forças no comando. Além do tamanho e da tradição, há o fato de que o Exército responde pelo maior número de demandas entre as Forças Armadas, a começar pela liderança em inúmeras operações de garantia da lei e da ordem, as GLO.

A avaliação entre bolsonaristas é de que Silva e Luna trouxe maior racionalidade a alguns processos da pasta. Além disso, para eles, a presença maior de militares em postos-chaves do ministério facilitou interlocução com as Forças. Isso o tornaria um nome natural, além de ter a qualificação exigida pelo novo presidente: ser um general de quatro estrelas.

A estranheza toda é que Heleno foi um dos primeiros ministros confirmados por Bolsonaro no cargo, antes mesmo de ser eleito. Para observadores de Brasília, o vaivém de decisões, nomes e destinos de personagens está virando uma marca dessa transição de governo, mas poucos esperavam que alguém tão central tivesse o assento mudado a essa altura.

Na realidade, por perfil, Heleno se encaixa melhor em uma função palaciana, de coordenação. Chefiar a Defesa implica lidar com um cotidiano que envolve desde crises humanitárias na Venezuela até promoções comezinhas. No Planalto, Heleno poderá atuar mais como estrategista de Bolsonaro, função que vem desempenhando até agora.

Se tudo isso faz sentido, não era o que vinha sendo oficialmente anunciado até aqui. Logo, não haverá surpresa se tudo mudar novamente antes da posse do governo em janeiro.

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