Irmãos assessores de Bolsonaro chamam Fidel de 'playboy' e recorrem a Olavo na Cúpula Conservadora

Contra marxismo cultural, políticos e pensadores se reuniram em evento de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

Anna Virginia Balloussier
Foz do Iguaçu (PR)

A mesa sobre economia na primeira Cúpula Conservadora das Américas virou um chamado ao expurgo do marxismo cultural e uma adesão à “teoria de Olavo de Carvalho” com a apresentação dos irmãos Arthur e Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub.

Especializados em direito previdenciário, os dois integram a equipe de transição de Jair Bolsonaro (PSL) e deram pitacos na formulação do programa de governo do presidente eleito para a área.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair Bolsonaro, sedia a Cúpula Conservadora das Américas, em Foz do Iguaçu (PR), em 8 de dezembro de 2018
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair Bolsonaro, sedia a Cúpula Conservadora das Américas, em Foz do Iguaçu (PR) - Anna Virginia Balloussier/Folhapress

Neste sábado (8), o tema passou de raspão. Os irmãos estavam mais preocupados em apontar como o comunismo, “um vírus que vai se alastrando” (palavras de Arthur), criou deformidades como Fidel Castro, um “playboy” fã de roupas de marca que atolou Cuba na pobreza (tese de Abraham).

“A gente tem que ser mais engraçado que os comunistas” para “ganhar a juventude”, diz Abraham, que no começo de sua fala promete entregar uma apresentação “mais rock ‘n’ roll que MPB”.

“Meu irmão é advogado e falou que não posso falar o que queria falar sobre Lula”, afirma, e a plateia não o decepciona quando responde em coro “pode sim!”.

“Pode sim!!!”

Chama o ex-presidente petista de sicofanta com o argumento de que o hoje presidiário “nunca vai saber” o que o termo significa (a maioria do público também desconhecia: quer dizer caluniador).

Critica o petista por ter responsabilizado, em 2009, a elite “loira de olho azul” (na verdade, falou sobre "gente branca" com olhos dessa cor) pela crise econômica que acometia o planeta então.

Quando defende que a direita se arme com bom humor, mostra no telão fotos do ditador cubano Fidel Castro, morto em 2017, com casacos da Nike, da Puma, da Adidas. É um playboy mesmo, diz Arthur.

“Ele usava também dois relógios ao mesmo tempo” e tinha gosto pela marca Rolex, segundo o professor universitário. Já Che Guevara falava mal de negros e pobres, mas ao menos era mais moderado, ironiza: levava no pulso um só modelo da grife relojeira, de “apenas” US$ 6.000.

Abraham projeta que Cuba, “a 100 km de Miami”, será o tigre da América Latina quando o colapso de seu atual regime finalmente acontecer. “Tirou comunismo de lá, vai ser uma riqueza total."

Já o Brasil, “se parar de fazer bobagens, […] se vencer o desafio do comunismo e não deixar outras ameaças, como o terrorismo islâmico”, brotarem em seu território, tem tudo para prosperar a chegar a uma renda per capita de até US$ 20 mil em 2050, diz Abraham.

Arthur vê uma dominação da esquerda nas universidades, e ela não o agrada. Quando estudou na USP, tinha “coleguinhas que diziam que não aprendiam inglês ou francês” por serem línguas imperialistas. Aí ele pensava: “Esse cara tá fora do jogo”. Mas “foram para Brasília e ficaram ricos”, lamenta.

É como diz o irmão Abraham: “Um pouco da contribuição que podemos dar é como vencer marxismo cultural nas universidades”.

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