Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Bolsonaro promete unir o Brasil, valorizar a família e libertar país do socialismo

Em discursos, ele defende país sem amarras ideológicas e disse ter como prioridade revigorar a democracia

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São Paulo e Brasília

Nos dois discursos já como presidente empossado --no Congresso Nacional e no parlatório do Palácio do Planalto--, Jair Bolsonaro reforçou nesta terça-feira (1º) o antagonismo com a esquerda, afirmando que seu governo irá trabalhar contra o que classificou como "ideologias nefastas". 

 

"Essa é a nossa bandeira, que jamais será vermelha. Só será vermelha se for preciso o nosso sangue para mantê-la verde e amarela", discursou a um entusiasmado e participativo público na praça dos Três Poderes.

Bolsonaro tomou posse às 15h10 no plenário da Câmara dos Deputados, em uma sessão solene boicotada pelos partidos de esquerda, que lhe prometem oposição ferrenha.

Em seu discurso aos parlamentares aliados, que o aplaudiram várias vezes, Bolsonaro usou por quatro vezes a palavra ideologia e suas variações. 

"Convoco cada um dos congressistas para me ajudarem na missão de restaurar e de reerguer nossa pátria, libertando-a, definitivamente, do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica. Vamos unir o povo, valorizar a família, respeitar as religiões e nossa tradição judaico-cristã, combater a ideologia de gênero, conservando nossos valores. O Brasil voltará a ser um país livre das amarras ideológicas", afirmou no plenário.

Uma de suas bandeiras de campanha é a chamada Escola Sem Partido, projeto que prevê mudanças no ensino no país contra o que seria uma doutrinação partidária de esquerda por professores e discussões sobre gênero em sala de aula.

Bolsonaro também indicou, em sua fala aos parlamentares, uma gestão contrária a regulamentos do poder público e a favor de tirar encargos do setor produtivo.

Imagem mostra termo da posse do presidente Jair Bolsonaro com assinatura
Imagem mostra termo da posse do presidente Jair Bolsonaro com assinatura - Reprodução

O presidente também reforçou seu compromisso de campanha de facilitar ao cidadão o acesso a armas e de trabalhar para dar maior respaldo aos policiais, em consonância com a tese de que hoje eles não têm segurança jurídica para o combate à criminalidade.

Católico e casado com uma evangélica, o presidente também fez várias referências a Deus, em agradecimento ao fato de ter sobrevivido à tentativa de assassinato a faca que sofreu em Juiz de Fora (MG), no mês de setembro.

"Quando os inimigos da pátria, da ordem e da liberdade tentaram pôr fim à minha vida, milhões de brasileiros foram às ruas. Uma campanha eleitoral transformou-se em um movimento cívico, cobriu-se de verde e amarelo, tornou-se espontâneo, forte e indestrutível, e nos trouxe até aqui", disse.

Embora dependa do Congresso para aprovar aquela que é apontada como medida crucial na área econômica, a reforma da Previdência, Bolsonaro não a citou nominalmente. Mas prometeu resgatar a legitimidade e credibilidade do Congresso e pediu apoio para reformas estruturantes.

"Na economia traremos a marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência", afirmou, prometendo menos regulamentação e burocracia ao setor produtivo. 

Ele também reafirmou a intenção de repassar mais recursos para estados e municípios e o o compromisso com a democracia.

No momento em que assinava os termos de posse, Bolsonaro ouviu e fez piada com os parlamentares. 
Em um dos momentos, disse que estava casando com eles. Em outro, brincou com o fato de seu vice-Hamilton Mourão, ser general. "Agora o capitão [patente de Bolsonaro] vai mandar no general", afirmou.

Além da mulher, Michelle, estavam presentes seus três filhos políticos —Flávio (eleito senador), Eduardo (reeleito deputado federal), Carlos (vereador do Rio de Janeiro) e o jovem Jair Renan. Sua mãe, Olinda, esteve na solenidade do Palácio do Planalto.

Após deixar o Congresso, Bolsonaro recebeu a faixa presidencial de Michel Temer, no Palácio do Planalto, discursou no parlatório e deu posse aos seus 22 ministros.

Ele repetiu o tom de antagonismo com a esquerda. "É com humildade e honra que me dirijo a todos vocês como presidente do Brasil. E me coloco diante de toda a nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, se libertar da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto", discursou o novo presidente.

À população que foi assistir a sua posse, Bolsonaro falou mais sobre corrupção."A corrupção, os privilégios e as vantagens precisam acabar. Os favores politizados, partidarizados devem ficar no passado, para que o governo e a economia sirvam de verdade a toda a nação. Temos o grande desafio de enfrentar os efeitos da crise econômica, do desemprego recorde, da ideologização de nossas crianças, do desvirtuamento dos direitos humanos e da desconstrução da família."

De acordo com o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), um público de 115 mil participou da posse de Jair Bolsonaro. 

O número é abaixo da estimativa do Palácio do Planalto, que contava com 200 mil pessoas, mas superior ao da última posse presidencial, de Dilma Rousseff (2015), estimado em 40 mil.

Em 2003, na primeira posse do ex-presidente Lula, 71 mil pessoas estiveram presentes nos arredores do Palácio do Planalto.

Vários apoiadores se vestiram de verde e amarelo e entoavam gritos como "mito" e "o capitão chegou".
Principal chefe de governo a prestigiar a posse em Brasília, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou ter percebido uma "recepção entusiasmada" das pessoas no país. 

Outros representantes da direita presentes foram Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, e Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano. 

O presidente Donald Trump publicou nas redes sociais congratulações pela posse de Bolsonaro, afirmando que o brasileiro fez um ótimo discurso e que os Estados Unidos está com ele. 

Também nas redes, Bolsonaro respondeu afirmando esperar que juntos e com a proteção de Deus, tragam prosperidade e progresso aos dois países. 

A nota destoante entre os líderes estrangeiros na solenidade foi a presença do esquerdista Evo Morales, presidente da Bolívia.

A cerimônia teve a presença de 2 dos 5 ex-presidentes da República vivos: Fernando Collor (atual senador pelo PTC) e José Sarney (MDB) chegaram ao Palácio do Planalto para a cerimônia.


De acordo com Itamaraty, responsável pelos convites, Dilma Rousseff (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também foram convidados.

Apenas Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi chamado, por estar preso em Curitiba, cumprindo pena por corrupção na Superintendência da Polícia Federal .

Com colete, presidente desfila em carro aberto

Apesar do conselho da equipe de segurança, Bolsonaro decidiu desfilar pelas Esplanada dos Ministérios em carro aberto --o tradicional Rolls Royce que transporta presidentes em eventos desde 1953, no governo Getúlio Vargas. 

Como uma medida de precaução, o presidente usou um colete à prova de balas por baixo do terno usado na cerimônia de posse.

Segundo relatos feitos à Folha, o uso do artefato foi uma sugestão de sua própria equipe. Nos últimos dias, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) vinha recomendando ao novo presidente que fizesse o desfile em carro fechado, para evitar um eventual ataque, mas ele não seguiu a orientação.

O Palácio do Planalto recebeu, inclusive, cartas de eleitores do novo presidente pedindo para que não permitissem que ele se expusesse durante o trajeto. Por questão de segurança, atiradores de elite foram posicionados no trajeto do carro oficial.

Apesar de policiais escoltarem o veículo, correndo ao seu lado, um dos filhos de Bolsonaro, Carlos, também foi no carro, sentado na parte de trás. Ele é o filho mais próximo de Bolsonaro e costuma esperar que o pai embarque em carros após compromissos públicos, atuando como uma espécie de guarda-costas informal.

 
 
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