Jornalismo não é sinônimo de torcida, diz nova ombudsman da Folha

Repórter especializada em economia, Flavia Lima é o 13º profissional a ocupar cargo

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São Paulo

A jornalista Flavia Lima, 44, assumirá no dia 6 de maio as funções de ombudsman da Folha. Ela substituirá Paula Cesarino Costa, 54, que exerceu o cargo durante três anos, desde abril de 2016.

Repórter especializada em economia que chegou à Folha há dois anos e atuava no caderno Mercado, Flavia é o 13º profissional —sendo a sexta mulher— a ocupar o cargo de ombudsman, criado pela Folha há 30 anos. Sua primeira coluna será publicada no dia 12.

A jornalista Flavia Lima, nova Ombudsman da Folha - Eduardo Knapp/Folhapress

Para Flavia, a missão de zelar pelos interesses dos leitores é particularmente desafiadora hoje em dia, em meio à acelerada transição dos jornais para plataformas digitais.

"O perfil dos leitores está mudando muito rapidamente, ampliando sua diversidade e seu nível de exigência", afirma. "As pessoas hoje consomem notícias o dia inteiro, em diferentes plataformas, e estão o tempo todo comparando e criticando o que leem."

Na sua opinião, as mudanças exigem atenção redobrada. "Precisamos de agilidade para responder às críticas e capacidade de diálogo para compreender melhor os interesses do leitor", diz Flavia.

Paulistana, formada em direito pelo Mackenzie e ciências sociais pela USP, entrou no jornalismo logo que deixou a faculdade. Embora tenha concluído o curso de direito, não chegou a exercer a advocacia.

Flavia começou como trainee da extinta Gazeta Mercantil, diário especializado em economia onde atuou por quatro anos antes de se mudar para o Valor Econômico, criado pela Folha em sociedade com o Grupo Globo e que hoje pertence apenas ao grupo carioca. Ela trabalhou por sete anos no Valor, somando duas passagens. Cobriu a indústria de fundos de investimentos, finanças e macroeconomia, e deixou o jornal em 2017 para se juntar à equipe de repórteres de economia da Folha.

Flavia também trabalhou na TV Bloomberg, como produtora e repórter, e foi editora do site da revista Dinheiro, semanário da Editora Três.

Para ela, a imprensa brasileira tem exibido vitalidade em meio às dificuldades que a indústria enfrenta em toda parte. "As reações que os jornais provocam ao apontar problemas e fomentar debates mostram que continuam vivos, a despeito da crise que o meio atravessa", diz Flavia.

A conjuntura política brasileira é outra preocupação. "Num ambiente radicalizado, acho que o desafio maior é compreender que o jornalismo não é sinônimo de torcida", afirma. "Ele ouve os dois lados para que o leitor decida o que fazer com a informação."

A Folha foi o primeiro jornal brasileiro a ter um ombudsman, em setembro de 1989. Para garantir a independência do ocupante da função, seu mandato é de um ano e pode ser renovado. Ele não pode ser demitido. 

Ombudsman é uma palavra sueca que pode ser traduzida como "representante do cidadão" e começou a ser usada para designar representantes dos leitores dentro de jornais americanos na década de 1960.

Paula Cesarino assumirá a função de editora de Diversidade, criada pela Folha para promover a publicação de conteúdo que reflita a variedade da sociedade brasileira.

Antes de Flavia e Paula, atuaram como representantes dos leitores Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos, Junia Nogueira de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo Prete, Bernardo Ajzenberg, Marcelo Beraba, Mário Magalhães, Carlos Eduardo Lins da Silva, Suzana Singer e Vera Guimarães.

 
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