Em carta aberta protocolada na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (18), mais de 20 entidades da sociedade civil pedem ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que barre o afrouxamento da legislação eleitoral proposto em projeto que deve ser votado nas próximas horas.
O texto afirma que "caso a Câmara dos Deputados venha a contemplar o conjunto de alterações ora denunciados, a proposta poderá representar um dos maiores retrocessos dos últimos anos para transparência e integridade do sistema partidário brasileiro".
Assinam o documento, entre outros, o movimento Transparência Partidária, a organização Transparência Brasil, a Associação Contas Abertas, o Instituto Ethos e movimentos de renovação na política, como o Acredito e o Livres.
Essas entidades têm se mobilizado há algumas semanas para tentar barrar a aprovação no Congresso da minirreforma eleitoral que traz pontos que reduzem a transparência e o controle no uso do dinheiro público pelos partidos.
Um dos artigos mais criticados é o que permite o uso de qualquer modelos eletrônico de prestação de contas, o que acabaria com a padronização adotada pela Justiça Eleitoral e dificultaria enormemente o trabalho de fiscalização.
Outras mudanças tornam muito difícil a punição pelo mau uso do dinheiro público. Seria preciso provar dolo do dirigente partidário ou do candidato, ou seja, que ele agiu com conhecimento e intenção de cometer um crime. Erros, omissões e atrasos na prestação de contas também seriam perdoados em caso de correção até o julgamento, benefício que seria estendido a todos os casos em andamento.
Aprovado em uma primeira votação na Câmara, no último dia 3, o projeto acabou sendo rejeitado quase na íntegra pelo Senado, nesta terça (17), após forte pressão contrária.
Os senadores deixaram apenas o ponto que trata das fontes de financiamento do fundo eleitoral, sem estipular valor —isso será definido no final do ano, na análise do Orçamento da União para 2020.
Com isso, o texto voltou para nova votação pelos deputados, nesta quarta.
Maia e líderes dos principais partidos ainda promoviam reuniões e conversas e até às 16h não havia sido aberta a sessão para a votação.
Segundo parlamentares, a ideia dos deputados é rejeitar a decisão do Senado e resgatar o texto aprovado pela Câmara, retirando dele os pontos que sofrem mais resistência.
Caso haja essa aprovação, o texto segue para sanção ou veto do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.