Presidente da República, Bolsonaro nem partido tem para lançar um nome. Ao deixar o PSL órfão de padrinho no fim de 2019, ele largou uma série de pré-candidatos à sorte —a começar por sua ex-líder no Congresso Joice Hasselmann (SP).
A sigla que Bolsonaro está montando, a Aliança pelo Brasil, dificilmente conseguirá estar pronta para 2020.
A coleta das 492 mil assinaturas necessárias para criar a sigla está em ritmo avançado, mas quem é do ramo avalia que é ínfima a chance de a Justiça Eleitoral validar o partido até 4 de abril, prazo máximo para poder indicar candidatos neste ano.
É bom negócio, dizem aliados: ele fica fora da linha de tiro direta e deixa no ar as dúvidas sobre o empuxo que o bolsonarismo teria na disputa em São Paulo sem um nome forte à frente do projeto.
A crítica ao presidente já está garantida, pela natureza de seu papel nacional. Assim, não estar encarnado em um nome é uma vidraça a menos.
A virtual saída da corrida do apresentador José Luiz Datena, creditada por ele à colocação de cinco stents em artérias coronarianas, retira do quadro um nome associado diretamente a Bolsonaro.
Já Luciano Huck, que se comportou como candidato a presidente no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), vive situação algo diversa.
Até aqui, não apareceu ninguém viável. A exemplo de aliados de Bolsonaro, interlocutores de Huck têm dito que é melhor para o global não estar numa vitrine tão grande sem um ativo claro a oferecer.
Ocorre que, em São Paulo, o Cidadania já tem candidato. Fechou com a candidatura do prefeito Bruno Covas (PSDB), o verdadeiro olho do furacão político na maior cidade brasileira.
O tratamento de Covas contra um câncer no trato digestivo lhe deu a primazia sobre sua candidatura, cuja viabilidade era posta em dúvida dentro de seu próprio partido até recentemente. Não menos porque a doença aumentou sua exposição e a empatia do público, levantando sua intenção de voto em pesquisas internas.
A questão sobre a qual ninguém fala em público é sobre a real condição de Covas tocar a campanha durante o tratamento, o que só poderá ser aferido mesmo após a definição acerca dele: quando haverá a cirurgia prevista, já adiada uma vez, e protocolos médicos seguintes.
A tentativa do governador João Doria (PSDB), dono da cadeira de Covas antes de disputar e ganhar o governo do estado em 2018, de emplacar Joice como a vice do tucano não avançou até aqui.
É um cenário que o ex-governador descarta, embora sua mulher, Lu, seja ventilada como uma possível vice do atual prefeito, caso o PSDB optasse por uma chapa puro-sangue no pleito.
Alckmin na disputa seria uma forma de o governador reforçar, no caso de obter a vitória que não conseguiu em 2008, o acordo que tem para que seu vice, Rodrigo Garcia (DEM), seja candidato à sua vaga em 2022.
A maioria dos nomes na disputa, como Covas, Andrea Matarazzo (PSD), Filipe Sabará (Novo) e Joice, é de pessoas que ou são aliadas, ou vão compor com ele se eleitas.
Matarazzo pode ser beneficiário da confusão. Pesquisas de dois partidos o colocam na faixa dos 5% das intenções de voto, com o ativo do baixo nível de conhecimento.
Ainda visando a 2022, está tranquilo, mas não numa situação de perspectiva de vitória na capital, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Aí, o que será posto à prova em 2022 será a influência do arcabouço estadual na corrida ao Planalto, vital segundo os antigos manuais de práticas eleitorais —todos rasgados na eleição de Bolsonaro.
Nomes cotados à Prefeitura de SP
PSDB Bruno Covas
PSL Joice Hasselmann, Gil Diniz
PT Fernando Haddad, Alexandre Padilha, Eduardo Suplicy, Paulo Teixeira, Carlos Zarattini e Jilmar Tatto
PSB Márcio França
PDT Nelson Marconi e Luiz Antônio de Medeiros Neto
PSOL Carlos Giannazi, Sâmia Bomfim e Guilherme Boulos
PC do B Orlando Silva
Novo Filipe Sabará
Republicanos Celso Russomanno
PSD Andrea Matarazzo
Sem partido definido Marta Suplicy, Tabata Amaral, Arthur Mamãe Falei
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