Eduardo Bolsonaro defende insulto do pai e manda deputadas 'rasparem o sovaco'

Parlamentares fizeram ato em defesa de repórter da Folha, e filho do presidente mandou 'banana'

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Brasília

Um grupo de deputadas federais, a maioria de partidos de esquerda, fez nesta terça-feira (18) no plenário da Câmara um ato de repúdio às declarações ofensivas do presidente Jair Bolsonaro contra a repórter da Folha Patrícia Campos Mello.

Em reação à manifestação das deputadas, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que usou suas redes sociais para espalhar as mentiras ditas pelo ex-funcionário da Yacows na CPMI, subiu à tribuna acompanhado de deputadas aliadas, como Major Fabiana (PSL-RJ), e mandou "uma banana" dizendo ser "em nome das mulheres". 

"Em nome das mulheres, uma banana. Uma banana", disse, repetindo na tribuna da Câmara gesto feito pelo pai em direção a jornalistas. "Não vão nos calar. [deputados gritam fascista]. Pode gritar à vontade, mas só raspa o sovaco se não dá um mau cheiro do caramba."

Boa parte do discurso de Eduardo ocorreu sob o coro de "fascista", entoado por parlamentares de oposição.

Reunidas na tribuna e na mesa do plenário, as deputadas leram um manifesto em que declaram "total repúdio à declaração do presidente da República Jair Bolsonaro sobre a jornalista Patrícia Campos Mello, ao dizer que 'ela queria um furo, ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim".

Deputadas manifestam apoio a jornalista da Folha em ato na Câmara
Deputadas manifestam apoio a jornalista da Folha em ato na Câmara - Mariana Carneiro/Folhapress

A fala ofensiva do presidente foi uma referência ao depoimento de um ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp, dado na semana passada à CPMI das Fake News no Congresso.

"A declaração absolutamente desrespeitosa e incompatível com a postura de um presidente da República se referia à contada pelo ex-funcionário da empresa Yacows durante depoimento prestado à CPMI das Fake News, de que a jornalista teria oferecido favores sexuais em troca de informações", discursaram as deputadas.

Foram à tribuna, entre outras, Luiza Erundina (PSOL-SP), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Maria do Rosário (PT-RS). A nota foi lida por Fernanda Melchiona (PSOL-RS).

"A própria jornalista publicou prints da conversa com o ex-funcionário, mostrando que foi ele quem insistiu em ir além da relação profissional, convidando-a para sair. Mas isso não foi suficiente para deixá-la a salvo dos ataques na internet e nem mesmo do presidente Bolsonaro, que já foi condenado por atacar a dignidade sexual de uma parlamentar mulher", diz ainda a nota.

"Esse tipo de discurso não ataca só a jornalista Patrícia, mas todas as mulheres que cotidianamente são vítimas de violência, seja dentro de casa, no transporte público e no próprio ambiente de trabalho. Por isso repudiamos veementemente a postura do presidente Jair Bolsonaro de, mais uma vez, atacar os direitos e a dignidade das mulheres em nosso país", completa. 

O deputado Eduardo Bolsonaro disse que, "para além da roubalheira que esse pessoal da esquerda cometeu, que revoltou tantas pessoas, esse tipo de discurso também revolta".

"A deputada diz que fala em nome de todas as mulheres. Ué? Será que não tem mulheres aqui comigo não?", afirmou, apontando para cinco deputadas do PSL que estavam atrás dele.

O filho de Jair Bolsonaro também chegou a chamar Gleisi de ladra. A deputada do PT bateu boca com Eduardo e as deputadas do PSL, situação contida pela Polícia Legislativa da Câmara.

"A gente está aqui, somos partes dos revoltados que não tinham espaço aqui. Até ontem era o Marco Feliciano, o Jair Bolsonaro e um ou outro deputado da bancada evangélica aqui. Agora vocês vão ter que nos engolir", acrescentou o filho do presidente.

Em entrevista, Bolsonaro insulta repórter da Folha com insinuação sexual
Em entrevista, Bolsonaro insulta repórter da Folha com insinuação sexual - Reprodução/Facebook
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