Descrição de chapéu Coronavírus

Polícia investiga tiros de armas de pressão contra apartamentos durante panelaço em SP

Disparos foram feitos na direção de janelas de prédios de Perdizes em meio a manifestação contra Bolsonaro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo investiga a autoria de disparos de armas de pressão na direção de janelas de apartamentos de Perdizes (zona oeste) durante panelaços contra o presidente Jair Bolsonaro.

Moradores do bairro registraram dois boletins de ocorrência relatando tiros contra suas residências. No dia 25 de março, um projétil atingiu um prédio na rua Wanderley e no dia 31 ocorreram dois disparos contra janelas de um apartamento na rua Iperoig.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado disse, em nota, que o 23º Distrito Policial, em Perdizes, “investiga duas ocorrências de disparo de armas de pressão que atingiram dois edifícios” e que “foram solicitados exames periciais, que estão em elaboração, para determinar a origem e trajetória dos disparos”.

Janela perfurada por tiro de arma de pressão durante panelaço
Janela perfurada por tiro de arma de pressão durante panelaço contra Bolsonaro em Perdizes, na zona oeste de SP - Divulgação

A secretaria não informou detalhes sobre as duas ocorrências nem sobre os rumos da investigação. Apesar dos disparos, a nota diz que “a Polícia Civil esclarece que não há registros de tiroteios na região”.

A Folha conversou com um morador de um dos apartamentos atingidos por dois tiros de espingarda airsoft. Um projétil de chumbo quebrou o vidro do banheiro e parou numa toalha. O outro entrou pela janela do quarto e foi encontrado entre as roupas da família.

Ele pediu para não ser identificado pois teme novos ataques. No último dia 31, ele e a esposa protestavam contra Bolsonaro na janela do quarto quando ouviram o barulho do vidro da janela do banheiro se despedaçando. O outro tiro atravessou o quarto onde estava o casal.

Segundo o morador, eles não abrem mais as janelas. A situação de confinamento devido à pandemia do coronavírus piorou, diz ele, pois agora a família se sente caçada por apoiadores do presidente.

Após o atentado contra o casal o síndico do prédio distribuiu na vizinhança uma carta com o relato sobre o ocorrido. A mensagem foi compartilhada em aplicativos de mensagens e redes sociais.

No comunicado, o síndico menciona um outro caso, que "aconteceu dias antes na rua Monte Alegre [também no bairro de Perdizes], onde uma professora da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) foi atingida durante outro panelaço". Ainda segundo o síndico, a polícia encontrou cinco projéteis dentro do apartamento.

A Folha ouviu peritos da Polícia Civil, que disseram que nesse caso os projéteis eram de uma espingarda de chumbinho. Peritos enviaram artigos técnicos que mostram que espingardas de pressão são de baixo potencial letal, mas podem até cegar se atingir o olho de uma pessoa.

Na nota enviada à reportagem, a Secretaria de Segurança Pública confirmou que a Polícia Civil investiga uma ocorrência de disparos de arma de pressão na rua Wanderley (que faz esquina com a rua Monte Alegre), cujo boletim de ocorrência foi registrado no dia 25 de março. A pasta não informou se o ataque deixou feridos.

No dia 31, quando o apartamento da rua Iperoig foi atingido, o bairro registrou panelaços contra Bolsonaro, que fez um pronunciamento em rede nacional às 20h30 sobre a crise do coronavírus. Minutos antes, porém, já eram ouvidos protestos no bairro.

Nesse discurso Bolsonaro pediu um pacto nacional para enfrentar a pandemia, mas voltou a equiparar vidas e empregos ao criticar medidas de isolamento social aplicadas por governadores.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.