Bombeiro é preso no Rio sob suspeita de obstruir investigações do assassinato de Marielle Franco

Segundo o Ministério Público, sargento ajudou a ocultar arsenal de acusado de matar vereadora e motorista

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São Paulo

Uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro prendeu na manhã desta quarta-feira (10) um bombeiro suspeito de atrapalhar as investigações sobre as mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. O suspeito é o sargento Maxwell Simões Correa, 44.

Além do Ministério Público, estão envolvidos na operação a Coordenadoria de Segurança e Inteligência, a Corregedoria do Corpo de Bombeiros e a Delegacia de Homicídios do Rio. Segundo o Ministério Público, além de Maxwell outras quatro pessoas, já denunciadas à Justiça, estariam atrapalhando as investigações.

Além do mandado de prisão contra o bombeiro, a operação cumpre mandados de busca e apreensão em dez endereços ligados a Maxwell e aos outros quatro investigados. A decisão foi proferida pela 19ª Vara Criminal.

De acordo com as investigações, no dia 13 de março de 2019, um dia após as prisões dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, denunciados como autores dos crimes, Maxwell, junto com os já denunciados Elaine Pereira Figueiredo Lessa, mulher de Ronnie, Bruno Pereira Figueiredo, cunhado de Ronnie, José Marcio Mantovano e Josinaldo Lucas Freitas, presos durante a operação “Submersus”, ajudou a ocultar armas de fogo de uso restrito e acessórios pertencentes a Ronnie, que estavam armazenados em um apartamento no bairro do Pechincha e em outros lugares desconhecidos.

Maxwell teria cedido o veículo utilizado para guardar o arsenal de Ronnie, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse, posteriormente, descartado em alto mar.

O Ministério Público afirma que a obstrução prejudicou as investigações e a ação penal deflagrada na ocasião da operação “Submersus”, pois frustrou cumprimento de ordem judicial, impedindo a apreensão do arsenal bélico ocultado e inviabilizou o avanço das investigações.

"A arma de fogo utilizada nos crimes ainda não foi localizada em razão das condutas criminosas perpetradas pelos cinco denunciados, cabendo ressaltar que Maxwell ostentava vínculo de amizade com os acusados dos crimes e com os denunciados Josinaldo Lucas Freitas e José Márcio Mantovano", dizem os investigadores do caso.

Também nesta quarta-feira, o delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, titular do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa, disse ao jornal O Globo que "não há nenhuma participação da família Bolsonaro" nas mortes de Marielle e Anderson.

"Não tem nenhuma participação da família Bolsonaro nesse evento. Não temos indício dessa família no caso. Temos certeza de que não há participação", afirmou Nunes.

Em outubro de 2019, um porteiro do condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem casa no Rio de Janeiro disse, em depoimento à polícia, que Élcio de Queiroz, ex-policial militar preso por envolvimento no crime, esteve no local no dia do assassinato e afirmou na portaria que iria à residência de Bolsonaro.

Conforme o depoimento, noticiado inicialmente pela TV Globo, ao interfonar para a casa de Bolsonaro, um homem com a mesma voz do presidente teria atendido e autorizado a entrada.

O suspeito, no entanto, teria ido a outra casa dentro do condomínio, a de Ronnie Lessa, também preso sob suspeita de participar do crime.

Naquela data, Bolsonaro, então deputado federal, estava em Brasília. Após a repercussão do caso, o porteiro recuou e, em nova oitiva, disse ter errado ao atribuir a Bolsonaro a autorização para que Élcio entrasse no condomínio.

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