Governo do DF fecha acampamento pró-Bolsonaro, e Sara Winter apela a presidente

"Presidente, reaja", escreveu ativista em rede social; segundo secretaria do DF, militantes faziam ocupação em área não permitida

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Luciana Amaral, do UOL Renato Onofre
Brasília | Com UOL

Um acampamento a favor do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na região central de Brasília foi desmontado na manhã deste sábado (13) pelo governo do Distrito Federal. A ativista do movimento 300 do Brasil Sara Winter pediu uma "reação" do mandatário.

À tarde, liderados pela ativista, um grupo de 20 pessoas rompeu a área cercada no entorno do Congresso e invadiu a laje do prédio. Após ação da Polícia Legislativa, eles foram para o gramado em frente ao espelho d'água. Ela afirmou ainda que vai "acampar" no Congresso.

"Vocês tiram nossa casa que nós tiramos o Congresso", afirmou a militante. Aos gritos de "acabou, porra", os manifestantes gritavam a favor da intervenção militar, pedindo o fechamento do Congresso e faziam ataques à imprensa. Eles também rezaram e pediram bênção ao presidente.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro invadem a laje do Congresso Nacional, na tarde deste sábado (13), em Brasília
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro invadem a laje do Congresso Nacional, na tarde deste sábado (13), em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

"A militância bolsonarista virtual foi desmantelada com o inquérito das fake news. E agora estão tentando acabar com a militância de rua", afirmou Sara Winter pelas redes sociais.

A ação de desmonte do acampamento pela manhã fez parte do programa DF Legal, promovido pela Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, para fiscalizar e combater construções ou estabelecimentos ilegais.

A secretaria afirmou que os manifestantes ocupavam área pública na Esplanada dos Ministérios, o que não é permitido, e em acampamentos irregulares. "Houve diversas tentativas de negociação para a desocupação da área, mas, infelizmente, não houve acordo. Os acampamentos foram desmontados sem confronto", informou.

 A Ativista  Sara Winter  durante ato do grupo bolsonarista chamando 300 do Brasil em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília, em 30 de maio
A Ativista Sara Winter durante ato do grupo bolsonarista chamando 300 do Brasil em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília, em 30 de maio - Wallace Martins/Futura Press/Folhapress

A pasta citou ainda decreto que estabelece medidas para combater a pandemia do coronavírus e que proíbe aglomerações com mais de cem pessoas em eventos que precisam de autorização prévia do GDF.

Nas redes sociais, Sara Winter disse que a Polícia Militar do Distrito Federal e a Secretaria de Segurança Pública chegaram no local às 6h desmontando barracas e geradores com "gás de pimenta e agressões". "A militância bolsonarista foi destruída hoje. Presidente, reaja", escreveu.

Em seguida, ela alegou que uma pessoa que estava orando e cantando o Hino Nacional foi atingida por gás de pimenta para que uma "carreata do PT" passasse no local. Um grupo contra Bolsonaro e favor da democracia fez ato pela manhã na região da Esplanada dos Ministérios, mas só chegou próximo de onde estava o acampamento cerca de três horas depois.

No final do dia, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi ao local do acampamento prestar solidariedade aos manifestantes.

"Acho exagerada [a ação da secretaria]. Não tinha necessidade de tacar spray de pimenta. Não dá para generalizar, mas jogar spray de pimenta no pessoal rezando é no mínimo uma ação inadequada", afirmou o parlamentar em live transmitida em um canal conservador no Youtube.

"O que essas pessoas neste vídeo estavam fazendo de errado no QG Rural para que o governador Ibaneis determinasse sua remoção? Manifestação seguindo protocolos de saúde não desrespeita sequer o decreto distrital. Sei que a PM cumpre ordens, mas surpreende negativamente essa ação", disse o parlamentar pelas redes sociais.

Procurada pelo UOL, a Polícia Militar informou que prestou apoio a uma ação desencadeada pela Secretaria de Segurança Pública e não houve registro de ocorrências. O Corpo de Bombeiros também esteve presente para apoio.

A assessoria de imprensa do Senado informou que o grupo tentou invadir áreas restritas do Congresso, e o presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), determinou à Policia Legislativa que fizesse a retirada dos manifestantes de forma pacífica.

Apoiadores e pessoas no acampamento gritaram palavras de ordem contra o desmonte, classificando a situação como ditatorial, e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Vestindo roupas em verde e amarelo, e com bandeiras do Brasil, eles ainda chamaram o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), de "fascista" e "comunista".

Os manifestantes estavam acampados há semanas na Esplanada dos Ministérios, por vezes mudando de local. Em determinado momento, chegaram a ficar ao lado da sede do Ministério da Justiça e do Supremo. Em entrevista à BBC Brasil, Sara Winter, cujo sobrenome verdadeiro é Geromini, confirmou que havia pessoas armadas em um dos acampamentos. Ela justificou que as armas eram para a proteção dos próprios membros e não tinham relação com a militância.

A ativista é investigada no âmbito do inquérito das fake news do STF e foi alvo de mandado de busca e apreensão em operação da Polícia Federal no final de maio. Ela teve celular e computador apreendidos pela corporação.

Após a ação, ela falou em "infernizar" a vida de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo que autorizou a ação, e em "trocar socos" com ele.

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