Manifestante que jogou tinta vermelha no Planalto diz que protesto simboliza sangue da juventude brasileira

Aos agentes federais, Silva Neto disse que o ato faz parte de sua luta por direitos sociais e dignidade da pessoa humana

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Brasília

O responsável por lançar tinta vermelha em frente ao Palácio do Planalto nesta segunda-feira (8) disse à Polícia Federal que o produto simboliza “o sangue da juventude brasileira”.

Guilherme Cândido da Silva Neto, de 28 anos, foi preso pela Polícia Militar logo após o protesto e levado para a Superintendência da Polícia Federal, onde passou a noite.

Por decisão da Justiça, atendendo a um pedido da Defensoria Pública da União, ele foi solto na tarde desta terça-feira (9).

PROTESTO - BRASILIA
Protesto mancha de vermelho pé da rampa do Palácio do Planalto - Ricardo Della Coletta - 8.jun.2020/Folhapress

Silva Neto responderá ao crime previsto no artigo 165 do Código Penal (destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico). A pena pode chegar a dois anos de prisão, mais pagamento de multa.

Aos agentes federais Silva Neto disse que o ato em frente ao Planalto faz parte de sua luta por “direitos sociais” e “dignidade da pessoa humana”. Questionado, negou que tenha filiação partidária e disse que jamais concorreu em uma eleição.

Natural de Xinguará (PA), ele mora atualmente em Goiânia. Afirmou à PF que trabalha como empilhador, mas está desempregado. Segundo ele, veio para Brasília no sábado (6) e ficou hospedado em Taguatinga, cidade satélite da capital do país, na casa de uma prima.

Disse ter comprado 18 litros de tinta vermelha ao custo de R$ 160.

Na manhã de segunda, prosseguiu ele, pegou um carro de aplicativo e se dirigiu ao Palácio do Planalto. Lá chegando, perguntou na guarita da guarda presidencial onde poderia fazer um protesto, o que lhe teria sido respondido que do lado de fora do gradil. Despejou a tinta no chão e usou um pouco em partes do corpo.

Após despejar a tinta na frente do Planalto, ele foi até o Congresso para tentar falar com algum parlamentar, mas foi impedido pela segurança de acessar o prédio. Retornando na direção do Planalto, acabou sendo detido por PMs.

No depoimento, disse ainda que o IDH (índice de desenvolvimento humano) do Brasil —o país ocupa a 79ª posição— é “revoltante e desumano”.

Silva Neto é autor de duas representações protocoladas na PGR (Procuradoria-Geral da República) em que fez críticas e cobrou providências da instituição na criação de políticas públicas. “O Ministério Público Federal, como garantidor dos direitos sociais, está sendo omisso”, afirmou no depoimento à PF.

As representações foram arquivadas. “Não cabe ao Ministério Público a elaboração de Leis ou Atos Normativos”, respondeu a PGR.

O GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que faz a segurança do Palácio do Planalto, divulgou nota e disse que o Planalto foi "vítima de um ato de vandalismo". "Após ser detido pela equipe de segurança do Planalto, o responsável pelo ato foi entregue às autoridades policiais, para adoção das medidas legais cabíveis", disse o GSI.

No mesmo comunicado, a pasta afirma que o palácio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

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