Descrição de chapéu ameaça autoritária

Bolsonaristas tentam invadir Ministério da Saúde após ameaçar equipe de TV; veja vídeo

Grupo força entrada por porta e janelas de vidro do ministério; eles teriam perseguido equipes da imprensa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Um grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro tentou invadir a sede do Ministério da Saúde, em Brasília, na manhã desta quarta-feira (8). A ação ocorre no dia seguinte aos atos pró-governo e de raiz golpista promovidos pelo presidente no feriado do 7 de Setembro.

Segundo um integrante da pasta que acompanhou a confusão, os manifestantes cercaram e agrediram um homem que criticava o movimento e, na sequência, partiram para cima de equipes da imprensa. Os jornalistas e o homem buscaram abrigo no prédio do ministério.

​Os manifestantes hostilizaram e ameaçaram a equipe da TV Record. Um cinegrafista deixou a câmera para trás ao fugir do grupo. O equipamento foi devolvido na portaria da Saúde mais tarde, segundo um integrante da pasta.

Imagens divulgadas pelo portal Metrópoles mostram o grupo avançando sobre a porta e vidros do ministério. A entrada havia sido fechada às pressas com grades para evitar a invasão.

O servidor público aposentado Anamim Lopes Silva relatou nas redes sociais que foi agredido pelos bolsonaristas. Em vídeo, ele disse que discutiu com apoiadores e criticou o presidente. "Aí o piquete da morte veio pra cima de mim", afirmou Silva.

O Ministério da Saúde, em nota, confirmou a tentativa de invasão no edifício-sede da pasta. "A situação foi rapidamente contida pelos seguranças do prédio. Cabe esclarecer que não houve feridos."

Em falas diante de milhares de apoiadores nesta terça-feira (7) em Brasília e São Paulo, Bolsonaro fez ameaças golpistas contra o STF (Supremo Tribunal Federal), exortou desobediência a decisões da Justiça e disse que só sairá morto da Presidência da República.

Apesar de o ato em Brasília ter se dispersado após a fala de Bolsonaro, alguns apoiadores seguem acampados na Esplanada dos Ministérios no dia seguinte.

Há também caminhões e outros carros de manifestantes estacionados na região. Estes veículos invadiram a Esplanada na noite de segunda-feira (6), quando romperam o bloqueio da Polícia Militar.

Bolsonaristas tentam invadir Ministério da Saúde em Brasília
Bolsonaristas tentam invadir Ministério da Saúde em Brasília - Reprodução

As avenidas da Esplanada seguem fechadas para carros nesta quarta.

Algumas faixas de bolsonaristas levadas ao protesto de terça afirmavam que os grupos só deixariam Brasília após a destituição de ministros do STF.

Grupos de bolsonaristas também pressionam um bloqueio montado pela polícia em frente ao Itamaraty. Eles querem ter acesso à via que leva ao prédio do STF.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal não se manifestou até a publicação deste texto.

A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) repudiou as ameaças e tentativas de agressões sofridas pelas equipes de reportagem que estavam em frente ao Ministério da Saúde, em Brasília, nesta quarta-feira.

Em nota, a entidade afirma que "todo e qualquer ato que tenha como objetivo impedir a cobertura jornalística de fatos de interesse público é uma violação à liberdade de imprensa e ao direito de informação do cidadão, garantias previstas na Constituição Brasileira".

"A Abert pede às autoridades locais a apuração rigorosa dos fatos", diz o texto.

A Federação Nacional das Empresas de Rádio e Televisão também repudiou o ataque.

Em nota, a entidade afirmou que "a imprensa deve ser livre para exercer seu papel democrático e aos profissionais deve ser garantido o respeito e a segurança para que possam levar informação para o povo brasileiro".

Ainda segundo o texto, a federação se solidariza com os profissionais vítimas dessa violência "e reforça que ataques de vândalos, como o que aconteceu hoje, não podem se repetir e devem ser punidos".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.