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Novo conselho editorial da Folha se reúne com direção do jornal

Grupo de caráter consultivo debateu diversidade e cobertura das próximas eleições

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São Paulo

Os integrantes do novo conselho editorial da Folha se reuniram pela primeira vez com a direção do jornal nesta terça-feira (5), em São Paulo.

De caráter consultivo, o colegiado tem a missão de criticar o jornal, oferecer sugestões e discutir tendências. Ele é formado atualmente por 11 pessoas, incluindo profissionais da Folha e representantes da sociedade.

O grupo discutiu o papel desempenhado pelo jornal na cobertura do governo Jair Bolsonaro e os desafios que enfrentará nas eleições do próximo ano.

A Folha alterou recentemente a composição do conselho para ampliar sua diversidade, não só em termos de gênero, raça e religião, mas também incorporando diferentes pontos de vista.

Para a editora Fernanda Diamant, a mudança tende a fortalecer o colegiado. "Num momento como o que estamos vivendo, a diversidade do conselho dará relevância à sua contribuição para o jornal", disse.

"O caráter pluralista da Folha e seu respeito à liberdade de expressão fazem muita diferença no momento que atravessamos", afirmou o economista Persio Arida, ex-presidente do Banco Central.

Patricia Blanco, presidente-executiva do Instituto Palavra Aberta, disse que jornalismo tem papel pedagógico hoje. "Não se trata mais só de informar, mas é necessário explicar ao leitor o trabalho da imprensa, para que ele o compreenda e valorize", afirmou.

Thiago Amparo, professor da Fundação Getulio Vargas em São Paulo e colunista da Folha, sugeriu que o jornal amplie a diversidade de seu quadro de colunistas, apontando a ausência de mulheres na seção de política —a exceção é a socióloga Angela Alonso.

"Nem sempre as escolhas feitas pela Folha são claras para o leitor, ou mesmo para quem está dentro do jornal", disse Amparo, que está fazendo um curso de pós-doutorado na Universidade de Nova York e participou da reunião remotamente.

Profissionais do jornal que também integram o conselho destacaram a necessidade de manter equilíbrio na cobertura das próximas eleições.

"A Folha terá de se equilibrar em sua missão de tentar explicar o que está acontecendo sem tomar partido e, ao mesmo tempo, contrapor-se ao golpismo irredutível do presidente da República", afirmou o colunista Hélio Schwartsman.

"O jornal terá o desafio de manter a independência e a postura crítica em meio a uma avalanche de desinformação e tentativas de minar a integridade do processo eleitoral", observou Patrícia Campos Mello, repórter especial.

O colunista Joel Pinheiro da Fonseca afirmou que um desafio que a Folha precisa enfrentar é manter a postura crítica sem alienar os leitores que discordam das posições do jornal. "Quando a Folha diz que Bolsonaro mente, uma parte do público se afasta, mesmo que o jornal esteja certo", comentou.

Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e colunista do jornal, sugeriu que a Folha dê mais atenção ao crescimento dos evangélicos no país. "É um fenômeno único no mundo, ainda pouco entendido em sua complexidade", disse.

Participaram do encontro também o publisher da Folha, Luiz Frias, e o diretor de Redação, Sérgio Dávila, que exerce as funções de secretário do conselho. O colegiado, que foi criado em 1978, deverá se reunir de três a quatro vezes por ano.

Um compromisso imprevisto impediu a empresária Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, de participar da reunião desta terça.

A escritora, filósofa e ativista Sueli Carneiro deixou o conselho nesta terça, a pedido.​

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