Bolsonaro minimiza censura na ditadura militar e diz que ações do TSE são mais graves

Presidente critica decisão de cassar deputado e desmonetizar páginas que promovem fake news sobre urna eletrônica

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou nesta terça-feira (23) a censura à imprensa durante a ditadura militar (1964-1985) e disse que são mais graves as ações recentes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra os críticos da urna eletrônica.

"É um absurdo o que acontece por aí nessas questões. Você pode criticar tudo, o papa, quem você bem entender. Agora, não pode criticar um sistema eleitoral?", afirmou Bolsonaro à Rede Correio Sat, da Paraíba.

O presidente Bolsonaro em cerimônia no Planalto - Evaristo Sa-16.nov.21/AFP

O presidente fez a comparação entre os dois períodos ao questionar decisões da corte eleitoral de desmonetizar perfis nas redes sociais que promovem fake news. Ele também citou a cassação de Fernando Francischini (PSL-PR) do cargo de deputado estadual, motivada por vídeos com acusações de fraude nas urnas.

"Esse tipo de censura não existia no período militar. O que não era permitido, muitas vezes, era uma matéria ser publicada, daí o pessoal botava uma receita de bolo ou espaço vazio", afirmou Bolsonaro.

O presidente disse que os textos eram vetados pelo governo militar por serem usados para "dar recado". "É porque eles davam recados, naquela época, para os seus comparsas aqui no Brasil através daquele tipo de matéria. Então por isso que houve a censura naquele momento", disse Bolsonaro.

"Mas nem se compara com o que está acontecendo no momento aqui no Brasil", afirmou ainda.

O período da ditadura militar foi marcado por perseguições à imprensa. A censura fazia parte da máquina de vigilância e repressão montada pelos militares. Era proibida manifestação que desagradasse o regime, tanto nos jornais quanto nas artes ou mesmo em salas de aula.

Bolsonaro é defensor da ditadura militar, bajula o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais símbolos da repressão e da tortura do período, e propôs que o Enem tratasse o golpe militar de 1964 como uma revolução, como revelou a Folha.

Na mesma entrevista, o presidente disse que direcionou as críticas ao corregedor do TSE, o ministro Luis Felipe Salomão, e "alguns outros" membros da corte, como aqueles que votaram para cassar Francischini.

Bolsonaro chegou a promover atos com incitação golpista no feriado de Sete de Setembro para defender, entre outras pautas, a adoção do voto impresso.

Mas o presidente modulou o discurso e passou a afirmar aos apoiadores que as eleições de 2022 são confiáveis, pois o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) criou um grupo, que inclui as Forças Armadas, para fiscalizar o processo eleitoral.

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