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Eleições 2022

Bolsonaro e Paes apostam no 'quanto pior, melhor' e deixam cidadão em 2º plano

Piada de presidente com cratera e aposta de prefeito do Rio em 'inferno' em aeroporto expõem cálculo político raso

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Brasília

O princípio do "quanto pior, melhor" costuma ser um instrumento de baixo custo para políticos de oposição. Não exige autoridade, preparo ou responsabilidade. Basta torcer para que muita coisa dê errado num determinado lugar e assistir ao desgaste dos governantes que mandam ali.

Não é um comportamento muito virtuoso, mas faz parte do jogo. A coisa descamba para a insensatez quando quem tenta colher benefícios políticos com essa lógica são aqueles que estão no poder.

Nesta semana, Jair Bolsonaro quase demonstrou satisfação com um acidente que causou transtornos para cidadãos do país que ele governa.

Interessado em fustigar o tucano João Doria, o presidente fez piada com a cratera aberta na terça-feira (1º), na capital paulista. "Em São Paulo, eu vi a transposição do Tietê", disse, emendando uma gargalhada.

O presidente Jair Bolsonaro, em evento em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro, em evento em Brasília - Clauber Cleber Caetano/PR

Bolsonaro gosta de ostentar um humor que desafia as regras do politicamente correto, principalmente quando seus adversários estão na mira.

Neste caso, ele acredita que a brincadeira pode prejudicar a imagem de Doria, ainda que demonstre um claro desprezo do governo federal em relação aos efeitos do acidente.

Numa visão rasa, quanto mais problemas São Paulo enfrentar neste ano, menos o tucano conseguirá avançar sobre o eleitorado de direita que Bolsonaro precisa reter para preservar suas chances na corrida pela reeleição.

Outros cálculos políticos fazem governantes apostarem em prejuízos no próprio quintal.

Numa entrevista ao jornal O Globo, o prefeito Eduardo Paes declarou que o município pode criar dificuldades no acesso ao aeroporto Santos Dumont caso seu modelo de concessão seja mantido.

Paes falou em "tornar o acesso ao Santos Dumont um inferno de quem quiser ir para lá". A não ser que o prefeito tenha confundido o endereço do aeroporto, ele sugeriu atrapalhar a vida dos moradores de sua própria cidade.

Os dois casos podem ser interpretados como o simples uso de ferramentas retóricas para atingir determinados objetivos –Paes quer forçar uma mudança no edital, e Bolsonaro espera fragilizar a imagem de Doria. Nenhum deles parece pensar primeiro nos cidadãos que governam.

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