Lula e Bolsonaro estarão no 2º turno em disputa por menor rejeição, diz Ciro Nogueira

Ministro da Casa Civil afirma que presidente sofre com polarização, mas que eleitor estará mais afastado do PT

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou em entrevista exibida neste domingo (6) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) estarão no segundo turno das eleições e que a disputa representará um duelo pela menor rejeição.

"Acho impossível Lula e Bolsonaro não estarem no segundo turno", afirmou em entrevista exibida pela BandNews TV e pela Band, descartando a chance de sucesso de uma terceira via na corrida presidencial.

"Vai ser uma disputa de rejeição", disse. "Acho que quem tiver maior capacidade de trazer esperança para as pessoas e de mostrar o que aconteceu, o que foi feito e o que pode ser feito é quem vai ganhar essa eleição. E por isso acredito na reeleição do presidente", complementou.

Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva
Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva - Anderson Riedel/PR e Bruno Santos/ Folhapress

A rejeição a Bolsonaro é um dos maiores entraves para sua campanha. Segundo a última pesquisa Datafolha, feita em dezembro, 60% dos eleitores afirmaram não votar nele de jeito nenhum. No caso de Lula, o percentual é de 34%.

O ministro afirma que o repúdio a Bolsonaro hoje é fruto de uma "polarização jamais vista na história". Para ele, o presidente tem se dedicado ao que importa em vez de alimentar um clima de instabilidade por questões que não melhoram a vida da população.

"O país não vai voltar a ter instabilidade como tínhamos naquela época que você citou [em setembro, cinco meses atrás, quando o presidente ameaçou o Supremo Tribunal Federal]. Não temos condição, nós não temos o direito", afirmou.

Questionado sobre por que mudou de opinião sobre Bolsonaro, já que antes do governo chegou a chamá-lo de fascista, o ministro respondeu que não concordava muito com o deputado Bolsonaro. "Agora, o presidente Bolsonaro que eu conheci não dá para comparar", disse.

"Não tenho dúvida que ali foi um erro, e hoje eu tenho uma avaliação completamente diferente e uma admiração e um orgulho de estar ao lado do presidente nesse momento", afirmou.

Sobre o discurso antivacina de Bolsonaro, o ministro respondeu que o importante são "as ações" e que não há imunizante aplicado no Brasil que não tenha sido comprado pelo governo federal.

O ministro, também presidente do PP —uma das principais siglas do centrão—, disse que o partido não vai autorizar seus candidatos a apoiarem Lula, mas que estará liberada a parceria com aliados do petista.

Ele criticou a era petista em diferentes trechos da entrevista e chegou a atacar indicações políticas em estatais, apesar de seu partido ter sido aliado na época e de ter apadrinhado dirigentes na própria Petrobras que viraram alvo da Operação Lava Jato –como Paulo Roberto Costa.

Ciro disse que na época das eleições a rejeição ao PT vai ser maior. "Deixa o Lula aparecer com quem vai governar", disse.

A inflação é vista por ele como um desafio para o governo. Sua pasta concluiu nos últimos dias uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que libera corte de tributos sobre combustíveis sem necessidade de compensação, algo temido pela equipe econômica.

Para ele, os governadores também precisarão reduzir impostos. "O governo federal vai fazer a sua parte. Eu espero que os estados façam também", disse.

Ciro diz que é impossível interferir na política de preços da Petrobras e aproveitou para atacar novamente o presidente Lula, que afirmou que não manterá o preço dos combustíveis vinculado ao dólar como ocorre atualmente.

"Eu vi outro dia o [ex] presidente Lula dizer que vai interferir na política de preço da Petrobras. Meu Deus, isso é uma mentira, gente. É impossível. A Petrobras não é do governo federal, não. Não tem como", afirmou.

O ministro disse que seu relacionamento com o ministro Paulo Guedes (Economia) é perfeito. "O problema é que qualquer ministro da Economia diz 'não' o tempo inteiro", afirmou. Por isso, disse, Casa Civil e Economia dividirão as decisões sobre a execução orçamentária em comum acordo.

Ele aproveitou para elogiar o colega de Esplanada. "Graças a Deus nós tivemos um ministro como o Paulo Guedes. Seria muito pior se nós não tivéssemos a responsabilidade econômica [dele] e eu tenho muita confiança no ministro", afirmou.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.