Bolsonaro diz a evangélicos que dirige o país para o lado que eles quiserem

Presidente se emocionou e chorou ao relembrar facada sofrida em 2018

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Brasília

Em um ato montado para mostrar o apoio de lideranças evangélicas ao Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta terça-feira (8), que dirige o Brasil para onde os pastores desejarem.

"Seria muito fácil estar do outro lado. Mas, como eu acredito em Deus, se fosse para estar do outro lado, nós não seríamos escolhidos. Eu falo 'nós' porque a responsabilidade é de todos nós. Eu dirijo a nação para o lado que os senhores assim o desejarem", declarou Bolsonaro.

O presidente esteve à frente nesta terça de uma reunião com dezenas de pastores evangélicos no Palácio da Alvorada. Além das lideranças, participaram ministros, a primeira-dama Michelle Bolsonaro e parlamentares da bancada evangélica no Congresso Nacional.

Silas Malafaia fala durante evento no Palácio da Alvorada - Pedro Ladeira/Folhapress

Em seu pronunciamento, Bolsonaro fez diversos acenos às pautas conservadoras que mobilizam as igrejas e templos no país. Disse acreditar em Deus e defender a família, criticou a legalização do aborto em outros países e argumentou que o presidente eleito em 2022 poderá indicar mais dois ministros para o STF (Supremo Tribunal Federal).

"Hoje nós temos alguém dentro do STF que tem Deus no coração", disse Bolsonaro, referindo-se ao ministro André Mendonça, que assumiu uma cadeira no tribunal em dezembro.

Indicado por Bolsonaro, Mendonça é pastor presbiteriano.

"Quem esperava um dia no Ministério da Educação termos um pastor evangélico, como o Milton aqui do nosso lado?", acrescentou Bolsonaro.

As lideranças evangélicas que compareceram ao Alvorada foram mobilizadas pelo pastor Silas Malafaia.

Ele fez um discurso com referências ao período eleitoral e aos riscos de uma vitória do PT.

"Essa gente que quer governar o país? Deus nos livre disso", disse, após citar denúncias de superfaturamento em gestões petistas.

"O que está em jogo neste país não é paixão política. O que está em jogo é nossa nação. Querem entregar o Brasil para a China", declarou, em outro momento, o líder religioso.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem tomado ações para se aproximar do eleitorado evangélicos —um grupo que se afastou do petismo nos últimos anos.

Como a Folha mostrou em fevereiro, o pastor Paulo Marcelo Schallenberger, convocado pelo PT para dialogar com o segmento evangélico, apresentou a Lula um "projeto de inclusão" do partido nas igrejas.

O documento cita estratégias para tanto, como "trazer para entrevistas pastores que foram beneficiados no governo do PT" e incentivar menções de "atos dos governos anteriores que beneficiaram a igreja evangélica".

O ato no Alvorada teve como objetivo mostrar coesão de diversas lideranças religiosas em torno de Bolsonaro.

Bolsonaro chora em encontro com evangélicos ao relembrar facada sofrida em 2018 - Pedro Ladeira/Folhapress

O presidente se emocionou e chorou quando o apóstolo César Augusto, da igreja Fonte da Vida, relatou uma visita que fez ao então candidato a presidente após a facada sofrida por ele em 2018.

"Este homem, Deus o levantou. E nós estamos aqui para sustentá-lo em orações", disse César Augusto.

Entre os presentes, estava o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), que é bispo licenciado da Igreja Universal.

Em entrevista à Folha em fevereiro, Pereira criticou Bolsonaro e disse que o mandatário "atrapalha" a permanência do partido na base do governo.

Nesta terça, no Alvorada, o deputado fez um breve discurso que fugiu dos elogios efusivos que marcaram as falas de outras lideranças evangélicas.

"Deus abençoe o senhor e Deus abençoe o Brasil", disse.

Em seus discursos, os demais presentes disseram que o Brasil passa por uma "guerra", em referência à disputa eleitoral; também louvaram Bolsonaro por ser contra o comunismo e o trataram como um enviado de Deus.

"Estamos travando uma guerra tão grande como esta que está acontecendo agora", disse Agenor Duque, presidente da igreja Plenitude do Trono de Deus.

"Não é simplesmente a esquerda contara a direita, é o céu contra o inferno. Não vamos negociar nossa fé, aquilo que cremos".

"Há décadas nós oramos pelo Brasil. Eu acabei de chegar dos Estados Unidos e meus amigos americanos perguntam: se Donald Trump era a resposta à oração deles. Agora eles sabem que Trump é a resposta à oração deles. Eu espero que, antes que seja tarde, nós saibamos que Jair Bolsonaro é a resposta às orações da igreja", afirmou o bispo JB Carvalho, da Comunidade das Nações.

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