TSE volta a chamar Telegram para discutir combate às fake news nas eleições

Presidente da corte, Edson Fachin convida aplicativo a aderir a programa de combate à desinformação

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Brasília

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Edson Fachin, propôs ao Telegram uma reunião na próxima quinta-feira (24) para discutir combate às fake news.

O encontro sugerido, caso seja aceito pelos responsáveis pelo aplicativo, ocorrerá de maneira virtual com a participação de assessores especiais do tribunal.

Em ofício enviado nesta terça (22) ao fundador e CEO do Telegram, Pavel Durov, Fachin também convidou a empresa a aderir ao Programa de Enfrentamento à Desinformação.

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Ministro Edson Fachin, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) - Folhapress

Twitter e Instagram estão entre as plataformas que firmaram parceria com o TSE para combater as notícias falsas no processo eleitoral deste ano. O tribunal não obteve resposta nas duas tentativas anteriores de contatar o Telegram, sediado em Dubai (Emirados Árabes).

"Os acordos em questão propiciam subjacentemente a abertura de canais para um diálogo direto e profícuo, necessário para garantir que a transgressão generalizada e sistemática dos limites da liberdade de expressão, notadamente na senda das práticas desinformativas e disseminadoras de ódio, não comprometa a eficácia do Estado de Direito, por meio da demissão do direito posto", afirmou o ministro.

O documento foi enviado também ao advogado Alan Elias Thomaz, constituído pela ferramenta no último fim de semana para representá-lo junto a autoridades do Judiciário brasileiro.

Essa foi uma das providências adotadas pelo Telegram para reverter o bloqueio operacional no país decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos das fake news e da milícia digital no STF (Supremo Tribunal Federal), na sexta (18).

A ordem foi revogada por Moraes dois dias depois, sem que o serviço de mensagens ficasse efetivamente fora do ar.​ O ministro do STF considerou que houve "atendimento integral" das determinações feitas à plataforma.

Moraes havia feito quatro determinações, como requisito para a garantia do funcionamento do Telegram:

1) necessidade de indicação do representante da empresa no Brasil (pessoa física ou jurídica);

2) informação de todas as providências adotadas para combater desinformação e divulgação de notícias falsas no canal;

3) imediata exclusão de publicações no link jairbolsonarobrasil/2030;

4) bloqueio do canal claudiolessajornalista (Claudio Lessa, bolsonarista, é servidor da Câmara dos Deputados).

Os perfis e links foram excluídos, como constatou o STF. Além disso, o Telegram informou o cumprimento integral das medidas que restavam, indicou um representante oficial no Brasil e informou qual será sua política de combate à desinformação, como consta na decisão deste domingo.

O Telegram afirmou ainda que haverá um monitoramento manual dos cem canais mais populares do país, diariamente. Postagens poderão ser marcadas como "imprecisas", a partir de parcerias com agências brasileiras de checagem.

Quem divulgar fake news não poderá criar novos canais, conforme o Telegram.

A plataforma confirmou ainda que excluiu postagem no canal do presidente Jair Bolsonaro (PL), contida em jairbolsonarobrasil/2030.

O link permitia acesso a documentos de um inquérito sigiloso da PF sobre ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O material foi usado por Bolsonaro para lançar novos ataques infundados às urnas eletrônicas. O presidente passou a ser investigado em razão dessa divulgação.

A resposta ao STF é assinada pelo fundador do Telegram, Pavel Durov, e contém um novo pedido de desculpas ao Supremo.

Todos os perfis relacionados ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos foram bloqueados, conforme o Telegram.

Allan dos Santos permanece foragido. Em outubro de 2021, Moraes determinou a prisão preventiva e o imediato processo de extradição do blogueiro, que vive nos EUA. Ele é suspeito de difusão de fake news e de integrar milícia digital para atacar a democracia brasileira.

A plataforma de mensagens também indicou intenção de auxiliar o TSE, no que diz respeito à veracidade de compartilhamento de informações em ano de disputa pela cadeira de presidente da República.

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