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MDB confirma pré-candidatura de Tebet para 3ª via em meio a focos de resistência no partido

Indicação de senadora ainda precisa ser chancelada por PSDB e Cidadania e em convenção emedebista

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Brasília

A executiva nacional do MDB oficializou nesta terça-feira (24) a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República, para concorrer em nome de um grupo de partidos da chamada terceira via.

O aval é mais um passo para alavancar o nome, mas não encerra as resistências que a parlamentar ainda vai enfrentar para consolidar a candidatura dentro do seu próprio partido.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) durante entrevista em seu gabinete, no Senado Federal
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) durante entrevista em seu gabinete, no Senado Federal - Pedro Ladeira - 9.dez.2021/Folhapress

A decisão foi tomada durante reunião da executiva nacional, presidida em Brasília pelo presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi (MDB-SP). O presidente da legenda disse que a candidatura de Tebet conta com apoio de 90% do partido —no dia anterior, a senadora falava em "80% do diretório".

A candidatura de Tebet enfrenta resistência em estados do Nordeste, principalmente Alagoas, Ceará e Paraíba, cujos líderes querem apoiar Lula. Esses estados decidiram não enviar representantes para a reunião da executiva nacional. Por outro lado, alguns diretórios do MDB no Sul do país são mais alinhados a Jair Bolsonaro (PL).

O nome de Simone Tebet também foi aprovado nesta terça-feira (24) pelo Cidadania, mas ainda falta o aval do outro partido remanescente na aliança da chamada terceira via, o PSDB.

O movimento emedebista acontece um dia após a desistência do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) da disputa.

MDB, PSDB e Cidadania tratam há meses do lançamento de um único candidato no campo da terceira via, reunindo em uma só chapa verbas de campanha e tempo de televisão.

A União Brasil também integrava o bloco, mas decidiu seguir sozinha por avaliar que os partidos ainda enfrentavam muitas divergências para encontrar o consenso.

Mais bem colocado numericamente nas pesquisas de intenção de voto e vencedor das prévias internas do partido, João Doria enfrentava resistência dos demais partidos e se viu abandonado pelo próprio PSDB. Saiu da corrida, abrindo o caminho para que Simone Tebet seja o nome da chamada terceira via.

A oficialização de Tebet pelo MDB é mais um passo nos planos da cúpula do partido, em uma longa batalha com caciques do partido.

Em dezembro, a executiva nacional do MDB havia lançado oficialmente a pré-candidatura de Simone Tebet em grande evento no dia 8 de dezembro —ainda antes das negociações para unificação da terceira via.

A nova chancela da direção, agora no âmbito do bloco político, é o primeiro passo para lançá-la na disputa, mas a candidatura só será oficializada na convenção que será realizada entre julho e agosto.

"A reunião de hoje serviu apenas para demonstrar que há esmagadora maioria do MDB que defende a candidatura própria da senadora Simone Tebet", afirmou Baleia Rossi após a reunião, acrescentando que não é possível atingir unanimidade, mas que calcula que 90% da executiva se posicionou favoravelmente à candidatura.

O presidente do MDB foi questionado pela Folha se ele garantia que o nome de Simone Tebet estaria nas urnas eletrônicas em outubro, mas ele evitou transformar a sua resposta em um compromisso pessoal.

"Nós garantimos", respondeu, apontando para outros membros da executiva e do partido que estavam na mesa para entrevista a jornalistas.

"O MDB tem respeito à diversidade. E essa não é uma garantia do Baleia Rossi. É daqueles que militam no MDB. Vamos dar publicidade a todos os depoimentos [favoráveis à candidatura] que tivemos hoje. A nossa crença é que não vamos debater pessoas, temos que debater o Brasil. E o MDB apresenta com larga maioria na sua executiva o nome da senadora Simone Tebet como pré-candidata a presidente", respondeu.

Apesar de contar com o apoio da cúpula do seu partido e de vários diretórios regionais, Simone Tebet ainda vai precisar se consolidar para que seja oficializada na convenção do MDB. Adversários de sua candidatura e mesmo aliados apontam que ela vai precisar crescer nas pesquisas nos próximos dois meses para não precisar recuar.

"Eu acho que a candidatura da Simone não se justifica pelo desempenho nas pesquisas. Se houver mudança efetiva, uma fotografia diferente desse cenário eleitoral, tudo bem. O que o MDB quer é ter candidato competitivo, que ajude a alavancar palanques estaduais", afirmou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), na segunda-feira (23).

"Mas é muito difícil que ela suba nas pesquisas, porque as eleições estão polarizadas. Só é possível crescimento da terceira, quarta ou quinta via com a queda de Lula ou Bolsonaro", completa.

Renan não participou da reunião da executiva nacional. Também não participaram outros nomes que se mostram contra a candidatura própria do partido, como o senador Marcelo Castro (MDB-PI) e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE).

A maior parte dos membros da executiva participaram da reunião remotamente. Estiveram na sede da Fundação Ulysses Guimarães, em Brasília, nomes como o senador Confúcio Moura (MDB-RO), o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) e o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), apoiador do governo Bolsonaro. Todos teriam manifestado apoio à candidatura.

Uma ala do MDB diz que bolsonaristas estariam apoiando o lançamento de Tebet para impedir que o partido penda para o lado de Lula —em caso do fim da candidatura própria​.

Um dos políticos que enviou áudio em apoio à Simone Tebet para a reunião da Executiva foi o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

"Eu quero nesse momento da reunião da executiva nacional reiterar, reforçar a minha alegria de ter a nossa Simone Tebet candidata à presidente da República, a candidata que surgiu de todas as ações do núcleo do partido, que saiu da base do partido e foi construindo a sua candidatura dentro do seio MDB. É muito importante agora toda a nossa união, esforço, porque a Simone é o caminho do centro democrático, é o que o país precisa. Não precisa de polarização" afirmou.

Outras figuras de destaque do partido que manifestaram apoio foram o ex-senador Romero Jucá (RR), a ex-governadora e ex-senadora Roseana Sarney (MA) e o senador Jarbas Vasconcelos (PE)..

No mesmo dia da reunião da executiva nacional, o ex-presidente Michel Temer divulgou nota para negar que seja candidato pelo MDB.

"Não sou o candidato da terceira via. Sou e sempre serei candidato a juntar os contrários em busca do bem comum. Sou e sempre serei candidato ao debate franco para que as diferenças sejam assimiladas pelo diálogo. Sou e sempre serei candidato a defender a pacificação do Brasil", informou.

"São as teses que sempre apoiei, sobre as quais construi minha trajetória politica e que compartilho com a candidata do nosso partido a senadora Simone Tebet, que pode levá-las adiante", completou.

Também nesta terça-feira (24), o presidente do Cidadania, Roberto Freire, anunciou que a legenda também aprovou a indicação de Simone Tebet para ser o nome da terceira via na disputa presidencial. Freire afirmou que a escolha se deu por unanimidade.

"É preciso que se diga com clareza: a maior chance que Bolsonaro e seu neofascismo têm de se reelegerem é enfrentando Lula. Não se derrota um movimento antidemocrático com frente de esquerda, também ela com suas contradições liberticidas. Com Simone Tebet, MDB, PSDB e Cidadania dão um passo concreto na direção da manutenção da democracia com um programa comum: projetar o Brasil do Século XXI", afirma o político, em nota

O comandante do partido afirmou que não se discutiu na reunião da executiva nacional questões relacionadas a um eventual candidato a vice ser do Cidadania. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que também participou da reunião, defendeu uma candidatura totalmente feminina, mesmo que não seja ela o nome indicado.

"Então se nós temos, na verdade, três partidos, a vice também tem que ser construída pelos três partidos. Mas honestamente eu acho que uma chapa feminina hoje com duas mulheres seria algo importante para um Brasil que tem baixa representatividade política", afirmou a jornalistas após a reunião.

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