Bolsonaro encontra irmão de petista assassinado e pede desculpa por ter divulgado fake news

Após encontro, Bolsonaro participa de culto evangélico e vai a estádio para jogo entre Flamengo e Juventude

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu nesta quarta-feira (20) com o irmão de Marcelo de Arruda, militante petista assassinado em Foz do Iguaçu (PR) no último dia 9 pelo policial penal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho.

O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) participou do encontro e disse que o mandatário pediu desculpas a José Arruda por ter divulgado informações falsas sobre o crime.

José Arruda (camisa listrada), irmão de Marcelo Arruda, petista assassinado em Foz de Iguaçu (PR) por policial penal bolsonarista, se reuniu com Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto na quarta-feira (20). Acompanharam o encontro o ex-senador Magno Malta e o deputado Otoni de Paula - Foto: Clauber Cleber Caetano

O parlamentar fez referência ao fato de Bolsonaro ter afirmado que as pessoas que chutaram Jorge após a troca de tiros serem petistas. "O presidente se retratou com ele e reconheceu que aquela fala dele foi uma fala sem a devida informação verdadeira", disse.

Segundo o deputado, ele mesmo informou a Bolsonaro que a informação estava errada. "Eu disse a ele a verdade também e o José também falou, que aquele ato, o chute, depois, não foi um ato provocado por um petista, foi um ato de um amigo do Marcelo, bolsonarista", declarou.

O deputado Otoni de Paula afirmou que a reunião foi gravada e que talvez ela seja divulgada por Bolsonaro. O emedebista também disse que o chefe do Executivo demonstrou preocupação com o clima político no país.

"Ele disse que, na verdade, esse clima de violência não pode perdurar e não deve perdurar e que esse clima é um clima inaceitável", afirmou. De acordo com o parlamentar, Bolsonaro prestou solidariedade à família e "foi taxativamente contra tudo o que aconteceu".

O presidente também comentou o encontro em discurso em um culto evangélico na noite desta quarta, em Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal.

Bolsonaro classificou o crime como "lamentável e injustificável" e afirmou que "a imprensa tentou colocar" o crime no colo dele.

"Destruímos narrativas, mostramos que me interessa conversar com ele para prestar solidariedade e ele veio falar comigo", afirmou. O chefe do Executivo também disse que "não interessa a coloração [partidária] daquela pessoa".

Otoni de Paula afirmou que fez contato com a família de Marcelo por meio de Oswaldo Eustáquio, blogueiro bolsonarista que já foi preso pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O deputado já havia sido a ponte do presidente com este e outro irmão de Marcelo no contato que fizeram por telefone.

Logo depois da divulgação do diálogo por telefone, a viúva do guarda municipal petista assassinado, Pâmela Silva, afirmou ter considerado um "absurdo" o telefonema e disse que os dois nem sequer estavam na festa de aniversário onde ele foi morto a tiros por Jorge Guaranho.

Paula disse que José Arruda se encontrou com Bolsonaro "com anuência da família", mas não soube responder se a viúva havia sido comunicada da reunião.

O policial penal responsável pelo assassinato foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná nesta quarta.

O promotor Tiago Lisboa Mendonça afirmou que a motivação do crime foi fútil e não torpe, como concluiu a Polícia Civil.

Após menos de uma semana de investigação, a polícia concluiu que o assassinato teve motivo torpe e não foi enquadrado como crime de ódio, político ou contra o Estado democrático de Direito, por falta de elementos para isso.

Presidente no estádio Mané Garrincha, em Brasília - Gabriela Biló /Folhapress

Após o encontro com o irmão de Marcelo Arruda, Bolsonaro foi a Taguatinga, região próxima ao centro de Brasília, para participar da abertura da 57ª Convenção Nacional e Internacional das Igrejas Casas da Bênção.

À noite, foi ao estádio Mané Garrincha para acompanhar o jogo entre Flamengo e Juventude, pelo Campeonato Brasileiro.

No momento em que foi visto pela arquibancada, parte do público puxou gritos de "mito" e diversos torcedores gritaram o apelido pelo qual o presidente é chamado por seus apoiadores.

Logo em seguida, no entanto, outras pessoas começaram a criticar o chefe do Executivo e a vaia se sobressaiu em relação aos elogios ao mandatário.

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