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Eleições 2022 Governo Bolsonaro

Bonner e Renata pareciam fora de lugar na entrevista com Bolsonaro no JN

Foram perguntas incisivas para o padrão dos telejornais brasileiros, mas que morriam nas respostas que não respondiam

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São Paulo

William Bonner, sobretudo ele, e Renata Vasconcellos pareciam fora de lugar, deslocados do papel costumeiro, na entrevista com Jair Bolsonaro. Diferentemente do que acontece no exterior e no próprio canal de notícias da Globo, não são apresentadores identificados com opinião ou sequer com entrevistas regulares.

O que o presidente chamou de "pronunciamento" de Bonner não foi bem uma pergunta, de fato, mas quase um manifesto apresentado para assinatura. Estendeu-se e editorializou, assim como outras intervenções dos jornalistas, totalizando mais de um terço do tempo dedicado à entrevista dentro do Jornal Nacional.

O candidato Jair Bolsonaro no estúdio do 'JN' pouco antes do início da entrevista. Crédito: Marcos Serra Lima / G1

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, que é ligado ao SBT, partiu daí para questionar em mídia social as "caras de deboche" do apresentador, que teriam ajudado o presidente-candidato a "jantar o Bonner". No ambiente de opinião extrema em que Bolsonaro se estabeleceu, é ele quem comanda o espetáculo.

Ainda foram perguntas incisivas para o padrão dos telejornais brasileiros, mas que morriam nas respostas que não respondiam, sem que os apresentadores pudessem persistir, mais parecendo um debate eleitoral de regras rígidas, saltando aceleradamente de uma questão para outra, deixando quase tudo no ar.

Especialmente frustrantes foram as perguntas abertas e as respostas vazias sobre os planos para o segundo mandato, enquanto temas antes centrais, como "rachadinhas" ou a defesa da ditadura e de Carlos Brilhante Ustra, eram deixados de lado.

Soou por vezes como uma lista do que não fazer numa entrevista.

Não que já tenha sido achada a fórmula para lidar jornalisticamente com personagens como o presidente brasileiro ou Donald Trump, para os quais a realidade importa pouco.

Mas alguma objetividade fria no interrogatório poderia ter evitado que a bancada do JN se perdesse constrangedoramente no mundo de Bolsonaro.

Se os apresentadores se vincularam perigosamente à lacração característica do presidente, este caminhou na direção oposta, deixando a entrevista quase como uma pessoa normal.

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