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Tebet quer reforçar enfrentamento com Bolsonaro após avaliação positiva em debate

Emedebista vê oportunidade para dar impulso à campanha depois de aparecer estagnada em pesquisas

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Brasília

A candidata à Presidência Simone Tebet (MDB) tenta aproveitar a avaliação positiva recebida após sua participação no debate presidencial de domingo (28) para dobrar a aposta no enfrentamento com o presidente Jair Bolsonaro (PL), principalmente em questões envolvendo as mulheres.

Aliados afirmam que Tebet seguirá explorando temas de gênero, citando falas machistas do presidente e relembrando o confronto entre os dois no debate organizado por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura. "Lavei a alma das mulheres, né?", afirmou a candidata na terça (30), em caminhada em Taubaté (SP).

A estratégia vai servir a dois propósitos: tentar aproveitar o momento e ganhar algum oxigênio na corrida eleitoral, uma vez que ela está estagnada, com 2% das intenções de voto, segundo o último Datafolha, e desgastar Bolsonaro, porque a campanha da senadora mira uma parcela do voto que hoje é do presidente.

Simone Tebet entre Lula e Bolsonaro no primeiro debate entre presidenciáveis, na TV Bandeirantes
Simone Tebet entre Lula e Bolsonaro no primeiro debate entre presidenciáveis, na TV Bandeirantes - Miguel Schincariol - 28.ago.22/AFP

Tebet chegou ao debate sob críticas pela falta de crescimento de sua candidatura. Nos bastidores, aliados do MDB e de sua coligação —PSDB-Cidadania e Podemos— diziam que a campanha "não empolgava", e ela já era alvo de questionamentos da ala do MDB que se aliou a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além de sair do debate como a mais bem avaliada por eleitores indecisos, segundo pesquisa qualitativa conduzida pelo Datafolha, a emedebista também melhorou sua popularidade nas redes sociais.

Para a campanha de Tebet, ela se mostrou firme em diversos assuntos e foi beneficiada pela postura misógina de Bolsonaro. O presidente afirmou que a jornalista Vera Magalhães dorme pensando nele e que tanto ela como a senadora são "uma vergonha".

No momento mais acalorado do debate, a emedebista apontou o dedo para o presidente e disse: "Não tenho medo de você e de seus ministros".

O objetivo inicial, afirma a equipe de Tebet, era questionar Bolsonaro e Lula sem adotar uma lógica de agressividade, para se apresentar como alguém contra a polarização.

Nesses pontos, planejava explorar o passado dos governos petistas, em particular os episódios de corrupção, e tentar mostrar o que chamou de "inépcia" de Bolsonaro para administrar o país, sobretudo durante a pandemia de coronavírus.

A campanha da candidata também viu como vantagem o pedido das campanhas de Bolsonaro e de Lula para que não ficassem lado a lado, o que a colocou entre os rivais e deu a ela uma posição de destaque.

Integrantes da equipe de Tebet rebatem a ideia de que ela tenha pegado mais pesado com Bolsonaro e poupado Lula.

Argumentam que o próprio petista abriu espaço para ser criticado ao questionar a senadora sobre suspeitas de corrupção do atual governo na compra de vacinas contra a Covid. Na resposta, a emedebista ampliou o escopo do assunto para atacar o petista.

Porém a campanha da emedebista enxerga que um eventual crescimento da senadora só tem chances de ocorrer por meio do voto bolsonarista. Por isso, comemoraram o desempenho errático do presidente, em particular por considerarem que ele ampliou suas dificuldades junto ao eleitorado feminino.

São dois os grupos de eleitores de Bolsonaro que Tebet quer conquistar: os que rejeitam o petista e estão com Bolsonaro por falta de alternativa e os que votaram no atual presidente, mas se arrependeram.

Embora reconheçam que haverá uma mudança na postura depois do debate, para seguir reforçando o confronto com Bolsonaro, a propaganda eleitoral não deve sofrer mudanças de estratégia num primeiro momento.

Aliados da senadora avaliam que ainda é o momento de seguir "apresentando" a candidata ao eleitorado, já que ela é desconhecida por grande parte dos votantes.

Além disso, a campanha de Tebet pretende seguir concentrando a maior parte das agendas em São Paulo, porque aliados enxergam um potencial maior de crescimento nas pesquisas no estado e consideram que a exposição midiática é maior na capital paulista, onde os principais veículos de mídia têm estrutura.

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