Viagem de Bolsonaro empurra Mourão e Lira ao exterior em plena campanha

Saída do país afeta ações eleitorais do vice, que disputa vaga pelo Senado; Pacheco assume Planalto

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Brasília

A ida do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o velório da rainha Elizabeth 2ª no Reino Unido e, depois, para a Assembleia Geral das Nações Unidas nos EUA levará o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a assumir o Palácio do Planalto interinamente.

Por serem candidatos neste ano, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estão impossibilitados de assumir o comando do país —caso contrário, ficam inelegíveis para a disputa deste ano, segundo as regras eleitorais.

Com isso, ambos deverão sair do Brasil em plena campanha eleitoral. Já Pacheco tem mais quatro anos de mandato e não disputará as eleições deste ano.

Primeiro na linha sucessória, Mourão fará uma viagem oficial ao Peru, de 17 a 20 de setembro. A ida ao país da América do Sul foi marcada para evitar que ele fique inelegível, de acordo com a legislação eleitoral, uma vez que é candidato a senador pelo Rio Grande do Sul.

O presidente Jair Bolsonaro, durante ato em comemoração ao 7 de Setembro na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 07.set.22/Folhapress

A viagem ao exterior ocorre num momento incômodo para o vice-presidente, a duas semanas da eleição. No estado, ele disputa voto com a ex-senadora Ana Amélia (PP) e com Olívio Dutra (PT).

Segundo aliados de Mourão, o maior problema será sua ausência no Dia do Gaúcho, em 20 de setembro, data comemorativa importante para o estado.

Por esse motivo, o vice-presidente já visitou o acampamento farroupilha no último domingo (11) e tentará ir novamente no sábado (17), antes de embarcar para Lima.

Além disso, sua campanha buscará marcar entrevistas entre agendas oficiais no país vizinho.

Pelo mesmo motivo, Lira também decidiu viajar para a Assembleia Geral da ONU no próximo sábado. A expectativa é a de que ele retorne ao Brasil na terça (20).

Bolsonaro viajará para Londres na noite de sábado, onde ficará até dia 19. Depois, segue para Nova York e volta para o Brasil na terça-feira (20), mesmo dia em que deve discursar na ONU. Lira retorna junto com a comitiva presidencial.

As viagens ocorrem a poucos dias do primeiro turno. O chefe do Executivo está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. No mais recente Datafolha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apareceu com 45%, ante 34% de Bolsonaro.

Esta será a terceira vez que Pacheco assumirá a Presidência da República. As outras duas também ocorreram neste ano.

Na primeira, em maio, o senador ocupou interinamente o cargo quando Bolsonaro foi à Guiana; Mourão estava no Uruguai e Lira, nos Estados Unidos.

Depois, em junho, quando o mandatário participou da 9ª edição da Cúpula das Américas, em Los Angeles. Na ocasião, Lira também acompanhou a comitiva presidencial. Mourão, por sua vez, foi para a Espanha.

Inicialmente, Bolsonaro deixaria o país apenas para o encontro da ONU. No final de semana, recebeu o convite do governo do Reino Unido para comparecer ao velório da rainha Elizabeth, o qual ele aceitou.

Na segunda-feira (12), o presidente e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, estiveram na Embaixada do Reino Unido para assinar o livro de condolências pela morte da monarca.

"Em nome do governo e do povo brasileiro, expresso as mais profundas condolências ao povo do Reino Unido, bem como à família real e ao rei Charles 3º, pelo falecimento da rainha Elizabeth 2ª", escreveu Bolsonaro.

"Manifesto minha admiração por uma mulher de grande personalidade, cujo senso de dever e devoção deixaram, ao longo de mais de sete décadas de reinado, um legado de liderança e estabilidade para o povo britânico e para o mundo."

Na quinta (8), data da morte de Elizabeth 2ª, o chefe do Executivo decretou luto oficial de três dias no país e lamentou o falecimento nas redes sociais, chamando a britânica de "rainha de todos".

No Twitter, Bolsonaro classificou a soberana como "uma mulher extraordinária e singular, cujo exemplo de liderança, de humildade e de amor à pátria seguirá inspirando a nós e ao mundo inteiro até o fim dos tempos".

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