Descrição de chapéu Eleições 2022

Vice de Ciro, Ana Paula atribui violência política à economia e nega acenos à direita

Candidata foi a segunda entrevistada em sabatina com vices da Folha e do UOL

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São Paulo

Candidata à Vice-Presidência pela chapa de Ciro Gomes (PDT), Ana Paula Matos (PDT) afirmou que a violência política é fruto do discurso "parte a parte" e não quis atribuir uma responsabilidade maior a um só candidato. "Um único homem não teria a capacidade de mudar a atmosfera de um país", disse.

Na manhã desta quarta (28), a candidata participou da sabatina promovida por Folha e UOL com candidatos à Vice-Presidência. Mara Gabrilli (PSDB) foi a entrevistada de segunda-feira (26), e Geraldo Alckmin (PSB) é o desta quinta (29). Braga Netto (PL), da chapa de Jair Bolsonaro (PL), ainda não aceitou o convite.

Quando questionada sobre a escalada de violência a que o país assiste nesta campanha, Ana Paula evitou apontar culpados e, quando o fez, citou uma corresponsabilidade de todos os ex-presidentes. A ênfase da candidata foi no momento econômico do país.

"As pessoas estão, sim, expressando violência, mas por quê? Elas estão com dor, estão com fome", afirmou. "E se as pessoas continuarem com fome e sem perspectiva [após as eleições], o Brasil vai voltar a um momento de convulsão social."

Ela evitou responder questionamentos sobre eventuais tumultos pós-eleições no caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e contestação dos resultados por Bolsonaro.

Ana Paula Matos, candidata na chapa de Ciro, em sabatina de Folha e UOL - Reprodução/UOL no YouTube

De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (22), o petista lidera a corrida pela Presidência com 47% dos votos, 14 pontos na frente de Bolsonaro, que marcou 33%. Ciro apareceu em terceiro lugar, com 7% dos votos e tecnicamente empatado com Simone Tebet (MDB), com 5%.

"O momento institucional de um país não depende de um único homem", afirmou. "Se a sociedade brasileira escolher aquele presidente que lhe representa, qualquer que seja, a escolha será respeitada."

Ana Paula repete a estratégia de Ciro Gomes de criticar os dois líderes da pesquisa. O presidenciável é acusado por aliados e críticos de fazer acenos à direita. "Estamos fazendo acenos ao Brasil", afirmou ela.

Ao longo da entrevista, Ana Paula se apresentou como cristã, mulher, petroleira, advogada e professora.

A candidata é servidora concursada da Petrobras e passou pela diretoria de Educação da Prefeitura de Salvador em 2013. A decisão da campanha de Ciro por Ana Paula na Vice-Presidência foi divulgada na data limite para escolher os candidatos, em agosto.

Antes disso, ela havia estreado nas disputas eleitorais em 2020, como vice na chapa vencedora da Prefeitura de Salvador. Em suas redes sociais, ela se diz "movida pela fé". Durante a entrevista, ela usou diversas expressões religiosas e agradeceu a Deus pela oportunidade de se apresentar.

"Se eu pensar em um livro que reflete o Brasil, eu poderia falar da Bíblia, independentemente da religião", afirmou, quando provocada a citar um livro. Em relação à música, uma das escolhas foi "Jesus Cristo", de Roberto Carlos.

Ela também se posicionou contra a legalização da maconha, a privatização da Petrobras e a ampliação do direito ao aborto.

"Eu sou pró-vida. Eu poderia começar dizendo que sou cristã, mas eu vou dizer eu sou pró-vida. Nós já temos um marco legal em que essas questões estão estudadas. Não entendo que é o momento de ampliar nada", disse.

Concorrer com uma chapa pura, sem aliança com outros partidos, refletiu a dificuldade de Ciro de atrair siglas para sua candidatura. Na época, ele atribuiu a falta de apoio à sua defesa de uma mudança no modelo econômico brasileiro, com o que batizou de Projeto Nacional de Desenvolvimento.

Este ano, Ana Paula também foi cotada para vice de ACM Neto (União Brasil), que disputa o governo da Bahia. O candidato está enfrentando críticas por ter se declarado pardo em seu registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A candidata o defendeu e disse que, nesta semana, foi a uma carreata com o candidato. "Ele estava com a pele mais retinta que a minha", disse.

"Ele não é loiro de olho azul. A discussão é que ele vem de um berço familiar com dinheiro. O que as pessoas não estão aceitando é alguém com uma estrutura social ter essa fala", afirmou. "ACM Neto tem lugar de fala de quem combateu o racismo. E por isso eu o respeito, admiro, e por isso votarei nele no domingo."

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